O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao voltar a criticar as ações de Israel em Gaza, afirmou nesta terça (14) que as bombas lançadas por Tel Aviv na faixa podem agravar a emergência climática.
“Nós precisamos de paz para que possamos cuidar da questão do clima, mas, enquanto estamos lutando para diminuir o desmatamento, os gases do efeito estufa, os caras estão explodindo bombas toda hora”, disse ele. “Quanto de gás estufa têm aquelas bombas?”
A fala se deu durante o “Conversa com o Presidente”, programa em vídeo, transmitido nas redes sociais, no qual Lula é entrevistado para divulgar as ações de seu governo e explanar suas opiniões.
“Quanto dinheiro jogado fora [na guerra] quando temos 735 milhões de crianças passando fome no mundo”, seguiu ele. O número mencionado pelo petista, na verdade, é o do total de pessoas no mundo que hoje enfrentam fome –não apenas o de crianças–, segundo relatório das Nações Unidas publicado em julho passado.
Estudos que analisam o impacto das guerras no ambiente apontam que os conflitos armados tendem a agravar as emissões de gases causadores do efeito estufa e impactar negativamente o ambiente, mas por outras razões que não necessariamente as bombas.
Entram na conta, por exemplo, o fato de que o uso de armas explosivas em áreas povoadas pode destruir edifícios que liberam substâncias tóxicas usadas em sua construção, como o amianto. Campos de pessoas refugiadas do conflito também podem ter o impacto da desflorestação devido ao grande uso de lenha.
A utilização de equipamento militar também resulta em quantidades altas de emissões de carbono. E com frequência há incêndios que são prolongados —muitas vezes provocados por bombas.
A remoção dos detritos pós-destruição também é custosa devido ao largo uso de grandes veículos como caminhões, e a reconstrução dos espaços, para a qual costuma haver grande produção de cimento, também eleva as emissões.
Em setembro passado, Lula fez outra associação não comprovada sobre a crise climática ao afirmar que o terremoto que havia ocorrido no Marrocos poderia ser explicado pela mudança do clima.
“Um terremoto que não tem muita explicação a não ser a mudança do clima, a não ser o que nós estamos fazendo com o planeta”, disse Lula em Nova Déli, na Índia, onde participava da cúpula do G20. Poucos dias antes, um sismo de magnitude 6,8 atingiu o país do norte da África e matou quase 3.000 pessoas.