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Militar ucraniano conduziu ataque a Nord Stream, diz mídia – 12/11/2023 – Mundo

Um militar ucraniano com ligações com o serviço de inteligência de seu país coordenou o ataque ao gasoduto russo Nord Stream no ano passado, diz reportagem colaborativa entre o jornal americano Washington Post e a revista alemã Der Spiegel publicada neste sábado (11).

O nome apontado pelas publicações, que consultaram indivíduos da Ucrânia e da Europa que pediram anonimato, é o do ex-oficial de inteligência Roman Tchervinski, 48, que serviu nas Forças Armadas especiais ucranianas.

Ele teria liderado uma equipe de seis pessoas, alugado um veleiro usando identidades falsas e usado equipamentos de mergulho em para posicionar explosivos nos dutos. Tchervinski, porém, não idealizou o ataque, segundo a reportagem.

O oficial nega qualquer envolvimento. “Todas as especulações sobre meu envolvimento no ataque ao Nord Stream estão sendo espalhadas pela propaganda russa sem qualquer base”, disse Tchervinski, por meio de seu advogado, ao Post.

De acordo com a reportagem, ele teria recebido ordens de autoridades ucranianas superiores que respondiam ao general Valeri Zaluzhni, o militar de mais alto escalão do país.

Em setembro de 2022, três explosões ocorreram perto da ilha dinamarquesa de Bornholm e romperam três das quatro linhas do gasodutos Nord Stream 1 e 2, que entregava gás russo a milhões de pessoas na Europa pelo Mar Báltico. Até agora, ninguém assumiu a responsabilidade pelo ataque, embora não tenha faltado troca de acusações.

Na época, Alemanha, Dinamarca e Suécia começaram investigações sobre as explosões, que lançaram plumas de metano na atmosfera em um vazamento que durou vários dias.

Desde então, os Estados Unidos e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma aliança militar ocidental fundada em 1949) têm chamado o ataque de sabotagem; Moscou, por sua vez, diz que o ocorrido foi um ato de terrorismo internacional.

Antes da explosão, Kiev já havia reclamado que o Nord Stream possibilitaria à Rússia fornecer gás à Europa sem passar pela Ucrânia, o que seria uma enorme fonte de receita a Kiev. O conglomerado estatal russo Gazprom tinha 51% do gasoduto, que teve investimentos de empresas alemães, francesas e holandesas.

Na época, a estratégia da Rússia para erodir o apoio europeu a Kiev na Guerra da Ucrânia, era reduzir o envio de gás ao continente —o Nord Stream 1 estava praticamente inoperante quando foi atacado, e o 2 nunca chegou a funcionar. O gás seguia fluindo por dutos que passavam pelo território ucraniano, apesar do conflito.

À agência de notícias Reuters, um porta-voz do exército da Ucrânia disse que não tinha informações sobre a alegação. Já o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia e o serviço de segurança doméstica de Kiev, o SBU, não responderam imediatamente a pedidos de comentário.

O jornal também informou que o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que negou o papel de Kiev nas explosões, não estava ciente da operação.

Atualmente, Tchervinski está preso por desacato a autoridade após uma tentativa de convencer um piloto russo a desertar para a Ucrânia em 2022, o que os investigadores dizem ter levado a um ataque mortal de Moscou a uma base aérea ucraniana.

Crítico contundente da administração de Zelenski, Tchervinski disse que o caso é politicamente motivado e que ele estava seguindo ordens naquela operação. Seu comandante na época, o general Viktor Hanushtchak, disse à mídia ucraniana no início deste ano que a liderança militar sênior havia aprovado o plano para atrair o piloto russo.

Fonte: Folha de São Paulo

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