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Queremos mais estudantes estrangeiros, diz reitor da Universidade de Lisboa – 06/11/2023 – Ora Pois

Os alunos internacionais já representam 20% do universo de 52 mil estudantes da Universidade de Lisboa. Segundo o reitor da instituição, porém, ainda há espaço para crescer, inclusive com mais brasileiros, que já são, com folga, a maior comunidade entre as 105 nacionalidades estrangeiras matriculadas.

No ano letivo de 2022 e 2023, havia pouco mais de 3.100 cidadãos do Brasil estudando na universidade, uma das maiores instituições de ensino superior público em Portugal.

“Neste momento, estamos com 10,5 mil alunos internacionais. Gostaríamos muito e poderíamos ir, no limite, até aos 15 mil. Os alunos internacionais enriquecem o nosso mundo “, diz o reitor, Luís Ferreira, que viajou ao Brasil para uma série de eventos, incluindo encontros para apresentar a instituição a potenciais novos estudantes.

Além da facilidade do idioma comum, as instituições lusas costumam fisgar os brasileiros pelo processo seletivo simplificado, incluindo a possibilidade de usar das notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Paralelamente à abertura, a disparada de estudantes do Brasil em solo português fez crescer também as queixas de xenofobia no ambiente de ensino. Na Universidade de Lisboa, a Faculdade de Direito —justamente aquela que concentra mais estudantes brasileiros— foi também o local que se destacou pela visibilidade dos casos.

Em 2019, um grupo colocou uma caixa com pedras com a indicação “grátis para atirar em um zuca [brazuca]” em pleno no hall de entrada da instituição. Segundo os responsáveis, era uma sátira com a grande quantidade de alunos oriundos do Brasil.

Em abril de 2023, mais um aluno da Faculdade de Direito foi acusado de fazer alusão ao apedrejamento de brasileiros. Dessa vez, em uma reunião geral de estudantes. A direção abriu um processo disciplinar para avaliar a conduta do aluno. A investigação ainda está em andamento.

O reitor da universidade reconhece que há casos de discriminação na instituição, mas afirma que são situações pontuais. “Infelizmente, aqui há ainda um certo nível de problemas sociais dessa natureza”, lamenta. “Mas não há, de maneira nenhuma, um ambiente de xenofobia ou de racismo generalizados. Eu sei que isso não existe.”

Segundo Luís Ferreira, a instituição tem ferramentas para lidar com esses episódios. “As questões pontuais são resolvidas pontualmente. Portanto, há processos que se levantam imediatamente tentando saber quem são os responsáveis. Apuradas as responsabilidades, há mecanismos legais de punição”, destacou.

Na avaliação do reitor, os estudantes brasileiros costumam se integrar bem à vida na universidade, tanto em termos de acadêmicos quanto sociais.

Ele destaca, por exemplo, o amplo acesso dos alunos internacionais a todos os programas da instituição, com destaque para o famoso intercâmbio europeu Erasmus. “Desde que sejam estudantes da Universidade de Lisboa, podem ir imediatamente ficar seis meses ou um ano estudando em outro país.”

“Eu estou sempre em contato com os alunos brasileiros, que têm diversas representações e associações. Neste ano, por exemplo, eu escolhi uma estudante brasileira para fazer o discurso dos estudantes na abertura do ano acadêmico”, sublinha.

A cerimônia, em setembro, teve a sobriedade e a pompa acadêmica presentes em boa parte das universidades europeias, com direito a professores e alunos vestindo trajes pretos especiais. Neste ano, estavam presentes o presidente luso, Marcelo Rebelo de Sousa (ex-aluno e antigo docente da casa), além de ministros, da procuradora-geral da República e de outras autoridades.

Em meio à disparada de preços dos aluguéis na capital portuguesa, que lidera diversas listas de aumento no custo de locação residencial na Europa, o reitor reconhece que o custo de vida mais caro “atrapalha muito” a atratividade de alunos estrangeiros para instituição.

Ele afirma, porém, que a Universidade de Lisboa está fazendo sua parte para acomodar os estudantes, incluindo a construção de novas residências universitárias.

“Vamos abrir uma nova residência ainda neste mês e outra até o fim do ano. Só em 2023, serão quase 700 novas camas. Temos ainda outras duas em construção, que devem entrar em funcionamento já no próximo ano letivo”, detalha Luís Ferreira.


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Fonte: Folha de São Paulo

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