Ainda que as eleições regionais na Colômbia, realizadas ao longo deste domingo (29) para eleger prefeitos, governadores e conselheiros municipais, não fossem vistas como um real termômetro do governo de Gustavo Petro, uma região fugia à regra: Bogotá.
E, na capital, o petrismo assistiu a uma derrota simbólica. O candidato opositor Carlos Fernando Galán, do Novo Liberalismo, ganhou a prefeitura em primeiro turno, ao obter mais de 40% dos votos. É com o centro-direitista que a Casa de Nariño, sede da Presidência, terá de dialogar daqui para a frente.
Petro, ele próprio, foi prefeito de Bogotá, eleito em 2011. E a capital colombiana votou majoritariamente pelo ex-guerrilheiro nas eleições presidenciais de 2022, concedendo-lhe mais de 58% dos votos na cidade, o que a desenhou como possível bastião do petrismo —agora, nem tanto.
Com mais de 82% das mesas de votação escrutinadas, Galán, filho de Luis Carlos Galán, proeminente político assassinado em agosto de 1989 a tiros durante um comício perto de Bogotá, somava 48% dos votos. Em segundo lugar, o também opositor Juan Daniel Oviedo (20%).
E, finalmente em terceiro, o candidato do petrismo, o ex-senador Gustavo Bolívar, amigo pessoal de Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia, com 18%.
Analistas ponderam que a insegurança, um problema crônico do país, que compartilha com o Brasil a Amazônia, dominou as eleições regionais, em especial diante da consolidação de novos grupos armados, as chamadas “pandillas”, e do alargamento do crime transnacional.
Na capital Bogotá, porém, outro contexto regional de peso era a mobilidade urbana, em especial o aguardado metrô. Petro esteve há poucos dias na China, onde reuniu-se com membros do regime de Xi Jinping e empresários —empresas chinesas venceram em 2019 uma ampla licitação para construir a malha no país sul-americano.
Galán e Bolívar, o candidato apoiado pelo presidente, defenderam diferenças técnicas na construção do transporte.
Também foi esse um dos principais temas que desgastou a relação de Petro com a atual prefeita de Bogotá, a progressista Claudia López Hernández. Ela apoiou Petro à Presidência, mas paulatinamente se distanciou do líder e passou a criticá-lo.
A tradução do movimento veio neste domingo, quando López foi uma das primeiras a celebrar a vitória de Galán. No X, ex-Twitter, ela o parabenizou e acrescentou: “Se eles queriam um plebiscito, este é um em alto e bom tom”, em referência à uma suposta resposta das urnas em resposta ao governo nacional.