Uma das atuais vozes mais expressivas contra Israel, o líder turco, Recep Tayyip Erdogan, conduziu um protesto com milhares de manifestantes pró-Palestina na cidade de Istambul neste sábado (28) durante o qual voltou a atacar verbalmente Tel Aviv.
O presidente que se encaminha para somar 25 anos no poder e para quem o Hamas não é um grupo terrorista disse que Israel age como massa de manobra. “O Ocidente é o responsável pelos massacres em Gaza”, afirmou. “Israel é apenas um peão que seria sacrificado quando quiserem e não sobrevive nem três dias sem apoio ocidental.”
Calibrando o discurso para a agenda doméstica, seguiu: “O Ocidente apoia o PKK e [Fethullah] Gülen, de modo que Israel também os apoia”. O turco se referia, respectivamente, ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão, considerado terrorista por Ancara, e ao clérigo que mora nos EUA e é acusado de liderar a tentativa de golpe contra ele em 2016.
“Aqueles que derramaram lágrimas de crocodilo pelos civis mortos ontem na Guerra da Ucrânia não fazem nada pelas crianças que morreram hoje em Gaza”, seguiu Erdogan, que falava para uma multidão que alçava bandeiras da Turquia e da Palestina nos arredores do aeroporto Atatürk.
Ainda que reconheça Israel desde pouco após a declaração de independência do Estado, Ancara mantém uma relação sensível com Tel Aviv, em especial sob o comando de Erdogan.
Após o discurso na marcha pró-Palestina, ele foi ao X, ex-Twitter, falar sobre o assunto. Erdogan disse que, “há apenas um século, Gaza era para esta nação e para este país o que Adana [cidade no sul turco] é”.
Trata-se de uma referência histórica: Gaza, assim como demais territórios palestinos ocupados e a região que hoje corresponde a Israel, esteve sob domínio do Império Otomano, desintegrado em 1922, após a Primeira Guerra Mundial. Depois, a região ficou sob domínio do Reino Unido, que a deixaria pouco antes da independência de Israel, em 1948.
Erdogan, assim, emprega uma espécie de o saudosismo do Império Otomano, época de conquistas e esplendor cultural, na qual os sultões governavam um território que ia dos Bálcãs ao Índico e reivindicavam a liderança espiritual do mundo islâmico na região.
“Devemos defender a grande Palestina, apoiar os nossos irmãos palestinos em Gaza, com a determinação de nunca mais permitir que novas Gazas surjam novamente”, seguiu ele na rede social.