A Coreia do Norte falhou em sua segunda tentativa de colocar um satélite de espionagem militar em órbita, nesta quarta-feira (23), madrugada de quinta no país asiático, segundo a imprensa estatal.
De acordo com informações divulgadas pelo regime, a falha ocorreu após problema no propulsor do foguete em seu terceiro estágio. A primeira tentativa, em maio, também terminou em fracasso quando o foguete Chollima-1 caiu no oceano Pacífico, depois de instabilidade no motor de arranque e no sistema de combustível.
O regime de Kim Jong-un tenta colocar em órbita o primeiro de seus satélites do tipo, com objetivo eventual de criar uma frota completa de equipamentos cuja meta seria monitorar os movimentos de tropas americanas e sul-coreanas.
A Administração Nacional de Desenvolvimento Aeroespacial (Nada) da Coreia do Norte afirma que irá investigar e tomar medidas para corrigir a causa do fracasso de quinta-feira, mas que o erro “não é um grande problema” para a confiabilidade geral do seu sistema de foguetes. A agência também diz que deve conduzir nova tentativa em outubro.
O Exército da Coreia do Sul afirmou ter rastreado o voo do foguete desde o lançamento e também concluiu que a tentativa terminou em fracasso. Seul convocou uma reunião de segurança nacional sobre o lançamento, e autoridades chamaram a ação de “provocação irresponsável”.
O Departamento de Estado americano afirmou que a tentativa viola resoluções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), e que busca diálogo com Pyongyang “sem precondições”.
O lançamento conduzido pelo regime norte-coreano provocou alerta de emergência no Japão, pouco antes das 4h, no horário local. Moradores da província de Okinawa, a mais ao sul do arquipélago, foram informados para se abrigarem em ambientes fechados. Cerca de 20 minutos após o alerta, o governo avisou a população de que o foguete havia passado em direção ao oceano Pacífico e suspendeu o alerta.
Em entrevista coletiva, o chefe de gabinete do governo japonês, Hirokazu Matsuno, disse que os seguidos lançamentos de foguetes e mísseis operados por Pyongyang representavam uma ameaça à segurança regional. “Vamos protestar veementemente contra a Coreia do Norte e condená-la nos termos mais fortes possíveis”, afirmou. Ele acrescentou que partes do foguete caíram no mar Amarelo e no Oceano Pacífico.
Após o rompimento do diálogo com Washington sobre o programa nuclear em 2019, a Coreia do Norte intensificou o desenvolvimento do projeto, com uma série de testes de armas, incluindo o lançamento de ICBMs (míssil balístico intercontinental, na sigla em inglês).
Desde 1998, o regime comunista lançou cinco satélites, três dos quais falharam imediatamente. Dois teriam atingido a órbita, mas seus sinais nunca foram detectados.