O militar reformado do Exército da Colômbia Germán Rivera foi condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos, nesta sexta-feira (27), por participar do assassinato do presidente do Haiti Jovenel Moïse.
Considerado um dos líderes dos mercenários responsáveis pelo crime, o Coronel Mike, como Rivera também é conhecido, apresentou-se ao juiz federal Jose E. Martínez em um tribunal de Miami, na Flórida, para ouvir sua sentença.
O líder do país caribenho tinha 53 anos quando foi morto a tiros após um comboio armado de 20 pessoas entrar em sua residência, em Porto Príncipe, em julho de 2021. O crime, que não foi completamente esclarecido até hoje, agravou a espiral de crises do Haiti, criando um vácuo de poder na nação já marcada pela instabilidade política.
No mês passado, o capitão reformado admitiu, perante um tribunal americano, ter dado apoio ao complô.
Segundo um arquivo judicial apresentado na corte americana na ocasião, Rivera fez parte do comando armado que se dirigiu à casa de Moïse antes do assassinato. O arquivo também afirma que Rivera forneceu apoio material, treinamento e pessoal para apoiar o assassinato do líder.
O colombiano disse, em setembro, que se encontrou com conspiradores no Haiti no final de junho de 2021 para discutir como remover o presidente. No encontro, um homem não identificado teria dito a Rivera que o presidente seria assassinado na operação, o que o agente teria repassado a outros membros do complô.
Desta vez, vestindo um uniforme marrom de presidiário e com os pés e as mãos acorrentados, o acusado rejeitou seu direito a se pronunciar antes de ouvir a sentença.
Há 11 réus acusados de conspirar para matar Moïse, e Rivera é a segunda pessoa condenada pelo caso nos EUA —país que tem jurisdição sobre o assassinato, já que o plano foi, em partes, organizado na Flórida.
Rodolphe Jaar, um empresário haitiano-chileno, foi condenado à prisão perpétua em junho por sua participação no crime depois de afirmar que havia fornecido fundos usados para comprar armas e subornar a equipe de segurança do presidente.
Segundo a Promotoria americana, dois executivos de uma empresa de segurança de Miami —o venezuelano Antonio Intriago e o colombiano Arcángel Pretel Ortiz— idealizaram o plano de sequestrar Moïse e substituí-lo por Christian Sanon, um cidadão haitiano-americano que queria se tornar presidente do país caribenho.
O objetivo deles era fechar contratos lucrativos para construir obras de infraestrutura e fornecer forças de segurança a um futuro governo chefiado por Sanon. A ideia inicial era sequestrar Moïse, mas, os conspiradores decidiram matar o presidente.
Desde o assassinato, gangues armadas —outro problema crônico no Haiti— expandiram enormemente seu controle por toda a nação caribenha. De acordo com o Banco Mundial, o Haiti é o país mais pobre das Américas e figura entre os mais pobres do mundo.
Quadrilhas controlam cerca de 80% de Porto Príncipe e os crimes violentos, como extorsão mediante sequestro e assaltos à mão armada, dispararam no empobrecido país caribenho.