A Avenues, escola com mensalidades de R$ 15 mil no Morumbi, zona oeste de São Paulo, demitiu nesta terça-feira (24) uma professora por ter feito uma postagem nas redes sociais em defesa do povo palestino.
Em um comunicado interno, a direção afirmou que o papel da Avenues é ser “um lugar seguro que promova a investigação, o pensamento crítico e o discurso civil”, mas classificou que a conduta da docente “compromete sua capacidade de criar um ambiente de aprendizado seguro e eficaz”.
O post da professora, publicado em sua conta particular no Instagram, trazia a foto de um homem segurando a bandeira da Palestina e frases que diziam “basta de extermínio! O povo palestino tem o direito de se defender”. Também estava escrito “abaixo a ocupação criminosa do Estado terrorista de Israel! Viva a luta pela libertação do povo palestino”.
Pais de alunos reclamaram para a direção sobre a postagem da professora. No dia 17 de outubro, a escola encaminhou uma carta às famílias em que dizia já estar adotando as medidas apropriadas para o caso.
Na ocasião, o comunicado dizia que era importante lembrar as famílias de que a escola “acolhe pontos de vista dos quais discorda e que podem ser visto como controversos por alguns”, mas entende que “mesmo discursos considerados legais não podem ultrapassar a linha do ódio contra religiões, raças, etnias, nacionalidades e outras categorias”.
Os pais, no entanto, pressionaram pela demissão da professora —medida que foi adotada pela escola nesta terça. A Folha tentou contato com a docente, mas não obteve resposta.
Em nota, a Avenues confirmou que demitiu a professora por ter “violado as políticas internas da escola, principalmente as relativas ao uso das mídias sociais”, assim como valores de “acolhimento, segurança e respeito”.
A Avenues tem diversos alunos que são ligados à comunidade judaica. Na carta enviada aos pais, a direção da escola destacou que reconhece ter alunos com “conexões pessoais em muitas partes da região [em guerra], inclusive com amigos e parentes que estão sofrendo”.
Por isso, disse a escola, seu papel neste momento é duplo e desafiador, já que precisa dar suporte, cuidado e compaixão aos alunos e famílias diretamente afetadas por esse evento e ainda educar toda a comunidade sobre o potencial crescimento do racismo.
A direção também enviou um comunicado aos demais professores afirmando que o “comportamento de educadores se estende além dos muros da escola, abrangendo suas atividades online e offline” e que algumas atitudes dos funcionários não só colocam os alunos em risco, como também podem prejudicar a credibilidade da Avenues.
A Avenues chegou ao Brasil em 2016, com a proposta de formar “cidadão globais”. O colégio se apresentou com um modelo diferente de ensino por projetos interdisciplinares e a preocupação de desenvolver habilidades socioemocionais em seus alunos para que se tornem grandes líderes globais.
Apesar da alta procura das famílias nos primeiros anos de funcionamento da escola, a Avenues foi vendida no início do mês para um grupo britânico. O presidente do colégio afirmou que a venda foi necessária por causa dos “obstáculos enfrentados nos últimos três anos, causados pela Covid e por mudanças nos mercados financeiros”, que dificultaram os planos da escola de se tornar uma rede global com vários campi.