A nova posse do ditador Nicolás Maduro, marcada para 10 de janeiro, aproxima-se como mais um momento sombrio na história da Venezuela.
Será uma cerimônia pequena e reservada, limitada a convidados alinhados ao regime e sem presença da imprensa internacional. A solenidade não marca apenas a continuidade de um regime autoritário que já se perpetua há mais de duas décadas, tendo mergulhado o país em uma das piores crises políticas, sociais e econômicas de sua história. Também sinaliza seu agravamento e, segundo os desejos de Maduro, o afastamento de sua presença nos noticiários.
Nada sugere que a nova posse trará mudanças positivas. Pelo contrário, a continuidade da ditadura deve aprofundar o autoritarismo. As eleições livres, justas e competitivas prometidas antes da farsa eleitoral de 28 de julho hoje soam mais distantes do que nunca.
Maduro sinaliza que não tem intenção alguma de retornar à democracia. Assim, aproxima-se de regimes como Cuba e Nicarágua, conhecidos não apenas por sua repressão implacável contra dissidentes como também por promoverem apagões informativos que sufocam qualquer tentativa de denúncia.
A comparação com essas administrações não é exagerada. Em Cuba, liderada por Miguel Díaz-Canel, e na Nicarágua, sob o comando de Daniel Ortega, os abusos de direitos humanos vem causando cada vez menos indignação internacional. Maduro segue o mesmo caminho, silenciando opositores e jornalistas, enquanto os que permanecem na Venezuela vivem sob intimidação. A ausência de informações confiáveis cria um cenário de desinformação do qual apenas os regimes se beneficiam.
Sanções internacionais têm se mostrado ineficazes para desestabilizar os regimes autoritários, vide o embargo a Cuba. No caso da Venezuela, até membros da oposição já demonstram ceticismo quanto à eficácia dessas medidas.
Enquanto isso, o opositor Edmundo González Urrutia, vencedor do pleito, tenta articular seu retorno do exílio na Espanha. Ele afirma ter o direito legítimo de assumir a Presidência, mas enfrenta ameaças diretas do regime, que promete prendê-lo caso ele pise em solo venezuelano.
Enquanto isso, sua madrinha política, María Corina Machado, segue desaparecida da vista pública, supostamente escondida em uma embaixada europeia em Caracas. Apesar de afirmar que lutará até o último momento, é provável que a nova fase da ditadura finalmente a empurre para o exílio, como aconteceu com tantos antes dela.
A realização de eleições futuras por parte do chavismo é incerta. Se acontecerem, serão mais um instrumento para dividir a oposição e confundir a comunidade internacional. O regime pode optar por não realizar mais pleitos ou organizar eleições controladas, prolongando o desgaste de uma oposição já enfraquecida que, então, vai se digladiar entre a falsa questão moral sobre participar delas ou boicotá-las.
Já nos Estados Unidos, a nova administração de Donald Trump tampouco traz perspectivas animadoras. Durante seu primeiro mandato, mesmo com um discurso mais agressivo contra o regime de Maduro e a controversa sugestão de uma intervenção militar, rejeitada por diversos países vizinhos, a realidade pouco mudou para os venezuelanos.
Agora, com um Trump mais protecionista e centrado nos interesses do petróleo venezuelano, a probabilidade de que ele tome medidas significativas contra o chavismo é ainda menor.
A Venezuela segue mergulhada na desesperança, enquanto a comunidade internacional parece cada vez mais apática. Salvo uma reviravolta inesperada, o país se aproxima de um futuro de ainda mais autoritarismo e sofrimento para a sua população.
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