Após a queda do regime do ditador Bashar al-Assad na Síria, a colônia Colinas de Trump, localizada nas Colinas de Golã —região reconhecida pela comunidade internacional como território sírio que, na prática foi anexada por Israel—, prepara-se para duplicar sua população nos próximos anos.
O nome homenageia Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, que reconheceu a soberania de Israel sobre o local, um território sírio, em 2019. Trata-se do único país a fazê-lo até hoje.
Cinco anos após sua inauguração, a colônia abriga cerca de 26 famílias judias que vivem em um conjunto de casas improvisadas. Nos próximos meses, no entanto, o objetivo é duplicar a população, afirmou Yarden Freimann, um dos líderes da comunidade, à agência AFP na terça-feira (17). Em três anos, espera-se que 99 famílias se mudem para as novas habitações.
O governo israelense aprovou no domingo (15) o envio de 40 milhões de séquels (cerca de R$ 67,7 milhões) para duplicar a população judia das Colinas de Golã. O plano é uma das consequências da queda do agora ex-ditador sírio Bashar al-Assad em 8 de dezembro, após uma ofensiva fulminante de grupos rebeldes.
Israel conquistou a maior parte de Golã durante a guerra árabe-israelense de 1967 e, em 1981, anexou os dois terços que controla atualmente. Nos últimos dias, Tel Aviv decidiu deslocar suas tropas para uma zona até então supervisionada pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Desde a queda de Assad, as forças israelenses realizaram centenas de ataques contra instalações militares sírias, sob a alegação de evitar que armamentos caiam em mãos hostis.
Na colônia judia, o novo orçamento foi bem recebido, ainda mais após um ano marcado, nesta região, pelos disparos de foguetes e ataques de drones do Hezbollah, apoiado pelo Irã.
“Estamos muito felizes que o governo compreenda a importância do Golã e a necessidade de investir não apenas em segurança, mas também no crescimento da comunidade”, disse Yaakov Selavan, vice-presidente do chamado Conselho Regional das Colinas de Golã.
“Somos a fronteira nordeste de Israel, não estamos aqui apenas pelas vistas”, afirmou, explicando que o ataque de Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023 demonstrou “a necessidade de uma fronteira civil forte”.
“Após a pior tragédia da história do moderno Estado de Israel, agora precisamos continuar construindo e reconstruir de forma melhor”, disse Selavan, que vive em uma colônia vizinha chamada Yonatan. Na região, vivem cerca de 30 mil judeus ao lado de 23 mil drusos, cuja presença é anterior à ocupação.
O plano de expansão prevê melhorar estradas e infraestruturas e criar três novas colônias, uma ao lado das Colinas de Trump e outra em um território disputado com o Líbano.
Hoje, cerca de 70 adultos e mais de 60 crianças menores de 13 anos vivem na colônia, segundo Freimann. Apesar das tentativas do governo, até agora o crescimento da população tem sido lento.
Em frente a uma das pequenas casas da colônia, Yedidya Ostroff, 31, que chegou na terça-feira com sua esposa, limpa galhos e folhas caídas. “Viemos aqui porque a visão desta comunidade, as pessoas daqui e suas aspirações para o futuro eram as adequadas para nós”, diz.
Quando questionado sobre segurança, ele responde que não está preocupado. “Essa é a única coisa que conhecemos, infelizmente. Espero que a calma se mantenha, mas essa é a nossa realidade”, afirma.