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Moradores de Mayotte vaiam Macron e imploram por água – 20/12/2024 – Mundo

Moradores de um bairro de Mayotte, território francês devastado pelo ciclone Chido, vaiaram o presidente da França, Emmanuel Macron, durante a visita dele ao arquipélago, nesta sexta-feira (20). Os moradores reclamam que o fornecimento de água potável ainda não foi normalizado quase uma semana após a tempestade.

Autoridades no território ultramarino da França no oceano Índico conseguiram confirmar 31 mortes após o ciclone, mas o número é considerado incerto, já que milhares de pessoas podem ter sido mortas.

As autoridades já haviam alertado anteriormente sobre a dificuldade em estabelecer um número preciso. Além de muitos locais ainda estarem isolados por escombros, algumas das vítimas foram enterradas imediatamente, de acordo com a tradição muçulmana, antes que suas mortes pudessem ser registradas.

Macron visitou o bairro de Tsingoni, onde os residentes lamentaram a falta de abastecimento. “Sete dias e vocês não são capazes de fornecer água para a população”, disse um homem ao presidente francês.

Macron, que havia estendido sua visita a Mayotte para passar mais tempo avaliando os danos da pior tempestade a atingir o território em 90 anos, respondeu que as autoridades estavam aumentando as distribuições. “Entendo sua impaciência. Vocês podem contar comigo”, disse.

Em Tsingoni, parte da população recebeu Macron de forma mais positiva, agradecendo por ele ter ido vê-los. Uma mulher de 70 anos ofereceu uma bênção enquanto dava carinho na cabeça do mandatário.

Na noite anterior, o presidente respondeu irritado a uma multidão que gritava por sua renúncia e acusava seu governo de negligenciar o arquipélago. “Vocês estão felizes por estarem na França. Se não fosse pela França, vocês estariam 10 mil vezes pior”, disse ele.

O chefe de Estado disse a jornalistas nesta sexta que a França investiu em Mayotte, mas que suas instituições não conseguem acompanhar a chegada de imigrantes sem documentação, especialmente das ilhas de Comores e de Madagascar.

Preocupações com a imigração ajudaram a tornar o território um reduto do partido de ultradireita Reunião Nacional, com 60% da população local votando em Marine Le Pen no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.

Macron liderou posteriormente uma reunião de crise com autoridades antes de partir à tarde para o Djibuti, país da África Oriental, onde participará de um evento de Natal com tropas francesas.

Ali Djimoi, que mora na comunidade de Kaweni, nos arredores da capital Mamudzu, disse que Mayotte foi “completamente abandonada” pelo estado francês. “Mesmo que esteja funcionando, você não pode beber a água que sai da torneira, sai suja”, afirmou ele à agência de notícias Reuters. Segundo Djimoi, oito pessoas em seu bairro foram mortas na tempestade, duas das quais foram rapidamente enterradas perto de uma mesquita.

Três em cada quatro pessoas vivem abaixo da linha de pobreza em Mayotte, que continua sendo fortemente dependente do apoio da França. Segundo estatísticas oficiais, o arquipélago tem 321 mil habitantes, mas suspeita-se que o número seja muito maior devido à migração.

De acordo com o ministro do Interior da França, Bruno Retailleau, 80 toneladas de alimentos e 50 toneladas de água foram distribuídas na quinta-feira (19) em nove das 17 comunas de Mayotte. As oito restantes receberiam os itens na sexta. “Tudo foi colocado em prática para permitir a distribuição de 600 mil litros de água por dia, ou dois litros por residente de Mayotte”, disse Retailleau por meio da rede social X.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que suprimentos enviados por Alemanha, Bélgica, Suécia e Itália estavam a caminho de Mayotte, incluindo tendas e camas para os desabrigados.

As ilhas passaram a ficar sob controle da França em 1841. Em 1974, Mayotte votou para permanecer francesa ao mesmo tempo em que as três principais ilhas de Comores, país que fica próximo a Mayotte, optaram por formar um estado independente.

O ciclone Chido também matou pelo menos 73 pessoas em Moçambique e 13 no Maláui após atingir a África continental, de acordo com autoridades desses países.

Fonte: Folha de São Paulo

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