O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a sugerir nesta quarta-feira (18) a ideia de transformar o Canadá no 51º estado de seu país, em meio à crise política no país vizinho.
“Muitos canadenses querem que o Canadá se torne o 51º estado”, publicou em sua rede Truth Social. “Economizariam demais em impostos e proteção militar. Acho que é uma ótima ideia. Estado 51!!!”, escreveu.
Uma pesquisa realizada na semana passada pelo Instituto Leger mostrou, porém, que só 13% dos canadenses gostariam de que seu país se tornasse parte do território americano. Trump mencionou pela primeira vez o “estado 51” durante um jantar com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, no fim de novembro.
Segundo a Fox News, durante essa reunião, o presidente eleito brincou dizendo que, se o Canadá não puder arcar com tarifas de 25% sobre suas exportações para os EUA, como ele ameaça impor ao assumir a Casa Branca em 20 de janeiro, então o país deveria ser incorporado pelos americanos. Desde então, em suas mensagens, Trump tem se referido repetidamente ao chefe do governo canadense como governador.
Essas declarações não foram bem recebidas pelos políticos canadenses, que as consideram uma humilhação ou até mesmo uma ameaça. O Canadá está mergulhado em uma crise política desde a renúncia repentina, na segunda-feira (16), da vice-primeira-ministra Chrystia Freeland, devido a divergências com Trudeau justamente sobre como lidar com a guerra econômica iminente com os EUA.
A intenção do presidente americano eleito de aumentar para 25% as taxas sobre as importações mexicanas e canadenses abalou o Canadá, que exporta 75% de seus produtos para o mercado americano. Em termos de empregos, quase 2 milhões de pessoas no Canadá dependem das exportações, em uma população de cerca de 41 milhões.
“Faz parte de uma forma de intimidação, que é o seu modo de conduzir negociações”, explica Max Cameron, professor de Ciências Políticas da Universidade da Columbia Britânica.
Dominic LeBlanc, novo ministro canadense da Economia desde segunda-feira, afirmou que, apesar das declarações de Trump, as conversas com a equipe do presidente eleito foram produtivas. Na terça-feira, junto com Marc Miller, ministro da Imigração, ele apresentou o plano canadense —US$ 1,3 bilhão (R$ 7,9 bilhões) em seis anos— para melhorar a segurança na fronteira, como pede Trump.