Tribunal de Bruxelas considera Estado belga culpado por crimes contra a humanidade, por sequestro sistemático de crianças mestiças no Congo durante período colonial (entre 1948 e 1961). Após uma batalha jurídica de seis anos, cinco mulheres receberão indenizações no valor de 50 mil euros, cada.
Monique Bitu Bingi nasceu no Congo, quando o país ainda era uma colônia belga. Aos três anos de idade, ela foi sequestrada por autoridades belgas, e colocada em um orfanato católico. Ouviu das freiras que era uma “filha do pecado”, por ter pai belga e mãe congolesa. Sua herança mista a tornou alvo das políticas de supremacia branca da Bélgica.
Quando o Congo conquistou sua independência em 1960 e a guerra estourou, as freiras deixaram o orfanato, e abandonaram as crianças. “Os militares vieram. Eles nos levaram. Algumas meninas foram estupradas pelos militares. Foi infernal”, lembra Bingi, que entrou com um processo contra o Estado belga ao lado de Simone Ngalula, Léa Tavares Mujinga, Noëlle Verbeeken e Marie-José Loshi.
Em 2021, o tribunal rejeitou suas reivindicações, sob o argumento de que esses sequestros não eram considerados crimes durante a era colonial. Após entrar com um recurso, elas saíram vitoriosas.
