François Bayrou, 73, é um político veterano na França. Sua trajetória começa com François Mitterrand, o primeiro socialista a se tornar presidente da França e também o mais duradouro (1981-1995).
Católico, viúvo, pai de seis filhos, professor, escritor, Bayrou coleciona episódios curiosos em sua longa carreira. Conheça um pouco mais sobre o novo primeiro-ministro francês, nomeado nesta sexta-feira (13) por Emmanuel Macron.
Deputado, eurodeputado e agora ex-prefeito
Começou sua carreira política em um partido já extinto de centro-direita, a UDF, do ex-presidente Giscard d’Estaing (1974-1981), e vagou por siglas do centro durante sua trajetória. Cumpriu vários mandatos na Assembleia Nacional e no Parlamento Europeu, e era prefeito de Pau, no sul da França, até esta sexta-feira.
Presidenciável por três vezes
“Sigam-no com atenção. Ele será presidente da República.” A frase teria sido dita por Mitterrand pouco antes de sua morte, em 1996. Bayrou até que tentou: foi candidato em 2002, 2007 e 2012. Em 2017, abriu mão de concorrer para apoiar o então novato Emmanuel Macron. Foi o começo de uma relação de lealdade com o atual presidente.
Tapa em criança
Na campanha de 2002, Bayour ganhou súbita notoriedade ao dar um tapa no rosto de um menino de dez anos que tentou lhe bater a carteira em Estrasburgo. A imagem viralizou, ele caiu momentaneamente em desgraça, mas logo o efeito se inverteu, com eleitores aplaudindo seu ato. Acabou derrotado no primeiro turno, com 2 milhões de votos.
Processo na Justiça
Bayrou foi ministro da Educação em três gestões diferentes, de 1993 a 1997. Foi também o primeiro ministro da Justiça de Macron, em 2017, mas renunciou meses depois quando surgiu uma investigação sobre uso de assessores parlamentares no MoDem (Movimento Democrático), o partido centrista do qual é líder. A Justiça francesa o livrou do processo apenas no começo deste ano. Investigação semelhante ameaça agora Marine Le Pen. A líder da ultradireita pode ficar inelegível se for condenada no julgamento marcado para o primeiro semestre de 2025.
Autor de livros
Estudou letras clássicas e é autor de mais de uma dezena de obras. Seu maior sucesso é uma biografia do monarca francês Henrique 4º (1553-1610), “O Rei Livre”. Católico praticante, seus livros históricos abordam disputas religiosas. Defende, no entanto, o estudo e o Estado laicos. “A religião é explosiva, e a única maneira de evitar essas explosões é a laicidade.”
Premiê em romance
Bayrou já havia sido escolhido primeiro-ministro, mas na ficção. Em seu livro de 2015, “Submissão”, o escritor Michel Houellebecq imagina uma França ainda mais dividida, mas que acaba elegendo presidente um muçulmano populista nas eleições de 2022. O personagem indica justamente Bayrou como premiê.
Começam os problemas
Bayrou tem adversários na direita, como o ex-presidente Nicolas Sarkozy, e na esquerda, como Olivier Faure, secretário do Partido Socialista, o que torna sua tarefa de viabilizar um governo ainda mais complexa. Comparou seu momento ao de Mitterrand, em 1981, que, logo depois de eleito, afirmou: “enfim começam os problemas”.