O governo da Argentina denunciou nesta sexta (13) que forças de segurança da Venezuela detiveram um funcionário da embaixada em Caracas, que está aos cuidados do Brasil, e um policial argentino na semana passada, em “aberta violação de seus direitos fundamentais”.
“O ministério das Relações Exteriores da Argentina e o ministério da Segurança expressam seu mais enérgico repúdio à detenção arbitrária e injustificada do suboficial da Gendarmeria Nacional Argentina, cabo Nahuel Agustín Gallo, pelas autoridades venezuelanas”, disse o governo em comunicado publicado no X e repostado pelo presidente Javier Milei.
Pouco depois, em outro comunicado, o governo argentino condenou a “detenção arbitrária e injustificada” de um funcionário local da embaixada em Caracas. Em nota, afirma que se trata de uma violação das normas internacionais que garantem a inviolabilidade das sedes diplomáticas e a proteção de seu pessoal, e exigiu sua libertação.
O ministério das Relações Exteriores da Argentina não identificou o funcionário da embaixada nem deu detalhes sobre as circunstâncias de sua detenção.
Gallo, o policial, foi detido “sem motivo legítimo algum”, na semana passada, quando entrou em território venezuelano vindo da Colômbia através de um posto de fronteira terrestre para visitar parte de sua família, que se encontra no estado de Táchira, no sudoeste da Venezuela, indicou o ministério.
“O doloroso é que não sabemos onde ele está, não nos dão notícias dele, nada”, disse nesta sexta-feira o irmão do policial, Kevin Gallo, em uma entrevista ao canal de televisão local TN.
As denúncias ocorrem na mesma semana em que o chanceler argentino, Gerardo Werthein, exigiu a Maduro, perante a Organização dos Estados Americanos (OEA), que conceda salvo-condutos aos seis opositores venezuelanos que estão asilados desde março na embaixada argentina em Caracas.
Com um discurso cauteloso frente ao receio de esgarçar a relação com a ditadura de Nicolás Maduro, o Brasil também voltou a pedir que o país dê salvo-conduto aos seis. O salvo-conduto é a permissão de que eles saiam do país sem que sejam presos.
“O governo brasileiro vem atuando para viabilizar a concessão de salvos-condutos para os asilados. O tema vem sendo objeto de tratativas, em alto nível, envolvendo as autoridades venezuelanas” disse o embaixador Benoni Belli, representante brasileiro no órgão.
O Brasil assumiu os cuidados da sede diplomática argentina e, portanto, dos asilados, desde que em 29 de julho, um dia após a contestada reeleição de Nicolás Maduro, o regime expulsou o pessoal diplomático argentino do país. A ditadura tentou retirar a gestão brasileira do prédio, mas Brasília se opôs.
O diplomata reforçou que a Convenção de Viena, que rege as relações diplomáticas, exige a proteção de locais de missão diplomática mesmo quando há rompimento de relações bilaterais. O direito internacional também prevê que os asilados devem ter permissão para sair do país junto com a missão que os acolhia, o que a Venezuela impediu.
Mais de uma vez o Brasil ofertou enviar um avião para buscar os seis asilados. São pessoas do alto escalão da oposição, como a diretora de comunicação, Claudia Macero, e o principal nome de política exterior, Pedro Urruchurtu Noselli, ambos figuras muito próximas à líder opositora María Corina Machado.