Homens armados sequestraram mais de 50 mulheres e crianças na vila de Kakin Dawa, no estado de Zamfara, na Nigéria, no domingo (8), de acordo com a polícia e testemunhas no local. Forças de segurança estão sendo enviadas à região.
Moradores disseram que dezenas de agressores em motocicletas chegaram à vila por volta das 12h30 do horário local (8h30 em Brasília), armados com rifles, e foram de casa em casa retirando as pessoas.
“Depois descobrimos que sequestraram mais de 50 mulheres, algumas casadas, e meninas”, disse o morador Hassan Ya’u, que escapou do ataque, mas cuja irmã mais nova foi levada. “Estamos apelando aos governos federal e do estado de Zamfara para enviar mais soldados e pessoal de segurança para combater esses bandidos.”
O sequestro se tornou endêmico no noroeste do país mais populoso da África (223 milhões de pessoas). Gangues raptam pessoas em vilarejos, estradas e escolas e exigem dinheiro de resgate de seus parentes.
“Estamos aguardando para ouvir as exigências dos sequestradores para a libertação das pessoas sequestradas”, disse Abdulkadir Sadia, outro morador da vila. “Toda a comunidade está em angústia.”
O país ainda vive o trauma do sequestro coletivo que ganhou notoriedade no noticiário internacional em abril de 2014. O grupo terrorista islâmico Boko Haram raptou 276 meninas de uma escola em Chibok, gerando uma campanha global pela libertação delas. Dez anos depois, 112 meninas ainda estavam desaparecidas, e o caso é considerado esquecido pelo governo.
De acordo com a ONG Human Rights Watch, em 2021 a Nigéria adotou políticas para aumentar a segurança em escolas e a capacidade dessas instituições de reagirem a ataques do tipo, entre outras medidas. Cerca de US$ 315 milhões (R$ 1,9 bilhão), em valores da época, teriam sido investidos na iniciativa, com anúncio de mais US$ 24 milhões (R$ 145 milhões) em 2023 —embora com poucos detalhes sobre implementação e pouca clareza sobre o projeto.
A medida se provou ineficaz, já que a prática voltou a crescer neste ano. Apenas em uma semana de março, ao menos 564 foram sequestrados, segundo a agência das Nações Unidas para os direitos humanos.
Nos casos mais recentes de larga escala, em março, homens armados levaram à força cerca de 300 crianças de vilarejos no estado de Kaduna, no norte, em incidentes separados.
Não se fala em atuação do Boko Haram nesses sequestros, mas sim de gangues que fazem dos pagamentos de resgate um negócio lucrativo.