Representantes municipais de Los Angeles, a segunda maior cidade dos Estados Unidos, aprovaram nesta quarta-feira (4) declarar a cidade como um santuário para imigrantes, em um momento em que jurisdições progressistas se preparam para o retorno do republicano Donald Trump à Casa Branca.
A decisão, aprovada por unanimidade, proibirá o uso de recursos ou de funcionários da cidade para implementar leis federais relativas à questão migratória. O novo status, que não possui um padrão no país, pode deixar mais caros os processos de deportação, por exemplo, além de impedir agentes locais de reportar o status migratório de pessoas a autoridades federais, a não ser em casos envolvendo crimes graves, entre outras ações.
A classificação da cidade como santuário para imigrantes, uma resposta de locais pró-migração a ações e retóricas anti-imigrantes, ocorre após Trump nomear figuras linha-dura para aplicar a controversa política migratória de seu governo —baseada em restrições e deportações em massa— demonstrando o compromisso do presidente eleito com a pauta, que mobilizou seu eleitorado.
Em seu primeiro mandato, o republicano restringiu o repasse de recursos federais a cidades assim classificadas, e criticou a existência do status durante a campanha.
A decisão de Los Angeles também ocorre no momento em que os governos estaduais de tendência progressista no país, com o estado da Califórnia à frente, tentam estabelecer barreiras contra os possíveis excessos, previstos por eles, de uma nova Presidência Trump.
A votação desta quarta-feira também aprovou uma cláusula de urgência que permitiria sua entrada em vigor apenas dez dias após a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, promulgá-la.
“Temos sido uma cidade pró-migração há anos, sabemos que o presidente eleito nos vê como um alvo, e o que estamos fazendo é reforçar nossas defesas”, disse o vereador democrata Bob Blumenfield no mês passado. “Estamos transformando em lei nossas boas políticas para proteger os imigrantes.”
Trump fez da luta contra a migração ilegal o eixo central de sua campanha eleitoral para as eleições de novembro passado. Seus apoiadores frequentemente exibiam em comícios cartazes a favor de deportações em massa, promessa que Trump diz que irá cumprir no início de seu mandato, no fim de janeiro.
O presidente eleito reiterou em seus discursos de campanha que os migrantes irregulares eram responsáveis pelo aumento do crime no país, embora as estatísticas não apontarem qualquer relação direta e significativa entre os dois fatores.
O Partido Republicano em Los Angeles não demorou a criticar a decisão municipal.
“As chamadas cidades e estados ‘santuários’ soam como calorosos e acolhedores, mas as proteções que oferecem não são para pessoas [que entraram legalmente], mas para quem entrou ilegalmente no país e cometeu outros crimes”, afirmou em nota.