A carismática figura do Papai Noel sempre foi retratada naquele tradicional estilo conhecido do bom velhinho: pele e barba brancas, óculos e um sorriso inconfundível. Isso, é claro, se estendeu ao cinema ao longo dos anos, com clássicos natalinos como ‘Milagre na Rua 34’ (1994), ‘Meu Papai É Noel’ (1994), ‘O Expresso Polar’ (2004) e ‘Titio Noel’ (2007) sendo só alguns desses incontáveis exemplos.
Mas graças ao estudo puxado pelo brasileiro Cícero Moraes, as próximas produções cinematográficas (bem como os Papais Noéis de shoppings pelo país) podem ganhar uma atualização bastante precisa do estilão do bom velhinho.
O designer, especializado na técnica de reconstrução facial forense, já ganhou repercussão internacional anteriormente com trabalhos focados em figuras religiosas e, agora, foi a vez de São Nicolau de Mira, um bispo cristão que se tornou a principal inspiração para a imagem do Papai Noel como conhecemos atualmente. O trabalho ajuda a reconstruir o rosto de São Nicolau — que teria nascido na segunda metade do século III (entre 250 e 270), e falecido entre os anos de 335 e 370 — após cerca de 1700 anos.
Cícero contou com o apoio de José Luís Lira e Thiago Beaini no estudo e detalhou o método usado no projeto. Na publicação no OrtogOnLineMag, de 30 de novembro, escreve que sua técnica “reconstrói/aproxima a face de uma pessoa a partir do seu crânio e é utilizada quando há escassa informação para a identificação de um indivíduo”. Para ter um ponto de partida e projetar o crânio em 3D, o brasileiro teve acesso a dados estruturais presentes no livro ‘Le Reliquie di S. Nicola’, de 1987, de autoria do Dr. Muigi Martino.
O estudo teve um resultado bastante satisfatório e mostrou compatibilidade com a primeira imagem do Papai Noel como conhecemos hoje, que foi baseada na ilustração de Thomas Nast (1840-1902) para a revista Harper’s Weekly no começo de 1863; na ocasião, o trabalho do ilustrador foi inspirado na descrição do poema ‘A Visit from St. Nicholas’, atribuído a Clement Clarke Moore ou Henry Livingston, publicado anonimamente em 1823.
Nesses trabalhos, já apareciam as muitas características marcantes do bom velhinho: “como a aparência ‘gordinha e rechonchuda’, as bochechas rosadas, um comportamento simpático, o trenó voador puxado por renas, o acesso pela chaminé e um saco de brinquedo nas costas”, detalha a pesquisa.
Cícero Moraes, principal autor do novo estudo, descreveu como um “rosto forte e gentil”, segundo o The Sun, além de destacar a “curiosa compatibilidade” com o “rosto largo” descrito nos parágrafos acima. “O crânio tem uma aparência muito robusta, gerando um rosto forte, pois suas dimensões no eixo horizontal são maiores que a média. Isso resultou em um ‘rosto largo’ curiosamente compatível com o poema de 1823. Essa característica, aliada à barba espessa, lembra muito a figura que temos em mente quando pensamos no Papai Noel.”
Ele ainda detalhou a técnica completa: “Inicialmente reconstruímos o crânio em 3D usando esses dados. Traçamos então o perfil do rosto usando projeções estatísticas. Complementamos isso com a técnica de deformação anatômica, na qual a tomografia da cabeça de uma pessoa viva é ajustada para que o crânio do doador virtual corresponda ao do santo. A face final é uma interpolação de todas essas informações, buscando coerência anatômica e estatística”.
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