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A ONU (Organização das Nações Unidas) pediu à China que interrompa a repatriação forçada de refugiados norte-coreanos que cruzam a fronteira para escapar do regime em Pyongyang.
“Ninguém deve ser devolvido a um país onde enfrentaria o risco de tortura, tratamento cruel, desumano ou degradante, além de outros danos irreparáveis, incluindo o uso da pena de morte e o desaparecimento forçado. A proibição de repulsão é uma proteção essencial no direito internacional”, declarou a ONU em comunicado.
Quem tenta fugir da Coreia do Norte responde legalmente por “travessia ilegal de fronteira” e “traição”, crimes com penas que podem chegar a vários anos em campos de trabalho forçado. Em julho, reportagem do New York Times relatou como a vigilância da China dificultou a fuga de norte-coreanos para o país.
Especialistas em direitos humanos expressaram preocupações após receberem relatos de “de que as autoridades chinesas teriam repatriado à força centenas de fugitivos da Coreia do Norte”, a maioria mulheres.
- A prática fere o princípio de não repulsão, previsto em acordos internacionais vinculantes dos quais a China é signatária;
- Os especialistas exortaram Pequim a apelar às autoridades norte-coreanas para elas cumpram obrigações legais como a proibição à tortura e à detenção arbitrária.
Pequim respondeu aos apelos através de uma carta. A íntegra do conteúdo não foi divulgado à imprensa.
Por que importa: a repatriação forçada expõe o bom relacionamento entre Pequim e Pyongyang. A Coreia do Norte é o único país com o qual os chineses têm um acordo ativo de proteção mútua e tecnicamente, a única aliança formal da China com um país terceiro.
Mesmo com a prática de deportar refugiados sendo algo comum (foram 171 foram mandados de volta para Pyongyang desde 2021), os norte-coreanos frequentemente ainda conseguem passar pela vigiada fronteira entre os dois países. Eles são uma numerosa minoria étnica na cidade fronteiriça de Dandong, no nordeste chinês.
o que também importa
★ A chancelaria chinesa afirmou ter “profunda preocupação com a escalada de violência entre palestinos e israelenses” e que as duas partes devem “exercer contensão”. Em comunicado, a pasta pediu o fim imediato das hostilidades e proteção aos civis na região, postura que a China defende no Conselho de Segurança da ONU.
★ A China iniciou uma investigação sobre a gigante taiwanesa Foxconn, segundo o tabloide estatal Global Times. A empresa fabrica a maioria dos iPhones. O jornal diz que oficiais realizaram inspeções em instalações da fabricante taiwanesa em duas províncias chinesas, embora não tenham detalhado quais acusações pesam contra a empresa. O fundador da Foxconn será candidato às eleições presidenciais de Taiwan em janeiro.
★ As ações chinesas caíram para o nível mais baixo desde antes da pandemia de Covid-19, nesta segunda (23). O índice CSI 300, que reúne as ações mais importantes listadas nas bolsas de Xangai e Shenzhen, caiu até 1,3% e encerrou o dia em 3.463 pontos, o resultado mais baixo desde 2019. No ano, o CSI 300 acumula perdas de 15% no valor em dólar. De acordo com o Financial Times, as ações têm apresentado dificuldades diante do consumo interno abaixo do esperado e uma crise de liquidez no mercado imobiliário, um dos principais motores do PIB chinês.
fique de olho
As Filipinas pediram que a China interrompa imediatamente “ações provocativas” no mar do Sul da China. Jonathan Malaya, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional das Filipinas, afirmou em coletiva que a marinha chinesa tem feito sucessivas tentativas de bloquear missões de reabastecimento de Manila para seus navios posicionados na região disputada.
Ele alertou que a postura chinesa pode ter “resultados desastrosos”. No domingo (22), o bloqueio de uma missão filipina resultou em danos a um dos barcos de Manila, mas ninguém ficou ferido.
O governo filipino reclamou da manobra e acusou a China de “esconder a verdade” sobre suas operações navais na região. Pequim respondeu divulgando um comunicado em que chamou as declarações filipinas de “caluniosas” e “provocativas”.
Por que importa: as Filipinas e a China disputam a soberania sobre um atol chamado Segundo Recife Thomas (também conhecido como Banco de Areia Ayungin) no Mar do Sul da China.
As Filipinas mantêm uma presença militar no local desde 1999, quando encalharam um navio de guerra para reforçar suas reivindicações. As manobras da marinha chinesa na região têm levado especialistas a se questionarem sobre o quão inclinados os chineses estão em resolver a soberania da área apenas por vias diplomáticas.
para ir a fundo
- A Rede de Pesquisadores Brasil-China transmitirá parte dos eventos da conferência anual do grupo que acontece nesta semana em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Mais informações sobre a agenda estão disponíveis aqui. (Gratuito, em português).
- A China Trade Center vai realizar dois eventos virtuais nos próximos dias 03 e 04 de novembro para conectar fornecedores chineses a empresários brasileiros nos ramos de produtos químicos, materiais de construção, revestimento, ferramentas e ferragens. Informações aqui. (Gratuito, em português).
- A Aigo, livraria do Bom Retiro, em São Paulo, realiza nesta sexta (27), às 19h, uma edição presencial do clube de literatura chinesa da plataforma Shumian, voltada para assuntos da China. A Aigo fica R. Ribeiro de Lima, 453, loja 73. (Gratuito, em português).