Dias após o início de uma combalida trégua entre Israel e Hezbollah, o governo dos Estados Unidos afirmou neste domingo (1º) que ainda há um “caminho a ser percorrido” para o estabelecimento de um cessar-fogo e a libertação de reféns na Faixa de Gaza.
“Haverá mais conversas e consultas. Nossa esperança é de que possamos chegar a um acordo, mas ainda não conseguimos isso”, afirmou o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, à emissora americana NBC. “Estamos engajados com todos os atores da região.”
Os comentários foram feitos um dia após Israel atacar alvos do Hezbollah no Líbano mesmo após o início da trégua, firmada na última terça-feira (26). O conselheiro elogiou os diálogos e disse que Washington também se esforça para garantir que o acordo seja implementado de forma eficaz.
Na véspera, o Estado judeu disse ter atacado uma instalação do Hezbollah, em Sidon, que abrigava lançadores de foguetes do grupo armado, além de um veículo que transportava equipamentos militares. Ao menos três pessoas ficaram feridas, e a ação motivou críticas do grupo extremista e de parte da comunidade internacional.
Em Gaza, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês) anunciou neste domingo a suspensão das entregas de ajuda pela passagem de Kerem Shalom, que dá acesso ao sul do território palestino.
“É uma decisão difícil já que a fome está piorando rapidamente”, escreveu o diretor da agência da ONU, Philippe Lazzarini, na rede social X. A maior parte dos caminhões que transportam ajuda humanitária acessa Gaza pela passagem de Kerem Shalom.
A área, no entanto, não é considerada segura há meses, afirmou Lazzarini. Em 16 de novembro, acrescentou, um “grande comboio de caminhões com ajuda humanitária foi roubado por grupos armados” nas proximidades do local. Crimes semelhantes teriam ocorrido no sábado (30).
Ainda segundo Lazzarini, a operação humanitária “tornou-se impossível” em Gaza sobretudo devido a “obstáculos colocados pelas autoridades israelenses”, além da “falta de segurança” ao longo das rotas.
“A responsabilidade pela proteção dos trabalhadores humanitários é do Estado de Israel como potência ocupante. Israel deve garantir que a ajuda chegue a Gaza com segurança”, disse ele.
No sábado, a Wafa, agência oficial de notícias palestina, afirmou que três funcionários da World Central Kitchen, uma agência humanitária não governamental americana, foram mortos em um ataque que atingiu um veículo civil.
A campanha militar de Israel em Gaza matou mais de 44 mil pessoas e deslocou quase toda a população da região pelo menos uma vez, dizem autoridades do território. Segundo relatório do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), pelo menos 337 trabalhadores humanitários foram mortos em Gaza desde o início da guerra.