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Rumo ao Senado: Presença de mulheres negras no Brasil – 26/11/2024 – Latinoamérica21

Finalizado mais um processo eleitoral no Brasil. Embora o resultado não tenha traduzido o expressivo aumento de candidaturas de negras registradas no Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) neste ano, a cada eleição, cresce a mobilização para que mulheres negras ocupem cargos na política institucional.

A participação de mulheres negras na política institucional tem sido elemento distintivo no cenário internacional recente. Sobretudo com Epsy Campbell, vice-presidente da Costa Rica entre 2018 e 2022 e Francia Márquez, vice-presidente da Colômbia, desde 2022.

No Brasil, a reivindicação pela presença de mulheres negras na política institucional é pauta de setores dos feminismos negros, em campanha fortalecida após o assassinato de Marielle Franco e intensificada com a escolha de nomes para o Supremo Tribunal Federal (STF).

O movimento esteve nos processos eleitorais municipais deste ano e se manterá nas próximas eleições. Um momento para se rediscutir o perfil das candidaturas ideais.

Discutir a presença de mulheres negras na política institucional não é formalidade. Não foi para os últimos processos eleitorais, não foi para o caso do STF, tampouco será agora, ou em 2026. Está longe de ser meramente identitária, tampouco de representatividade numérica. Não se trata apenas de reivindicação por mulheres negras em cargos de poder no campo político, mas de um perfil específico que traduza uma leitura progressista de realidade social. É sobre a qualidade da democracia e do projeto de igualdade e de justiça social que, se pretende, seja desenvolvido. É sobre disputar um projeto de país.

Em 132 anos de existência, o STF teve 171 ministros: 165 homens brancos, 3 homens negros e 3 mulheres brancas. Dos 513 deputados federais eleitos em 2022, 135 são autodeclarados negros, incluindo 19% que haviam de apresentado como brancos na eleição anterior. Temos ainda 91 mulheres, 29 negras.

No Senado Federal, em 200 anos tivemos apenas três mulheres negras: Laélia de Alcântara, Benedita da Silva e Marina Silva. Contudo, no cenário político atual, dois nomes têm sido veiculados nos bastidores políticos, como possibilidades reais que mulheres negras, com perfil progressista, ocupem vagas como senadoras: Anielle Franco, Ministra da Igualdade Racial, representante de segmentos do feminismo negro, vem se fortalecendo não somente nas pautas de gênero e de raça, mas igualmente no debate democrático mais amplo. Investe no diálogo com os campos político, intelectual e setores tradicionais do movimento negro, que tem lhe conferido legitimidade no debate público. Erika Hilton (PSOL), deputada federal, a primeira mulher trans líder de uma bancada no Congresso Nacional. Eleita a melhor deputada de 2024 com pautas que incluem proteção a refugiados climáticos, à população em situação de rua e o fim da escala 6 X 1. Tem ampla aceitação entre progressistas, reconhecimento como figura pública carismática e milhões de seguidores. Provavelmente não terá 35 anos em 2026. Certamente, um nome forte para 2030.

Se os prenúncios se confirmarem, serão duas candidatas a cumprir a assertiva de que: defender uma mulher negra na política institucional é sobre ter um projeto político em disputa, com pautas direcionadas para equidade e justiça social. Se os prenúncios se confirmarem, nos preparemos para o Senado.


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Fonte: Folha de São Paulo

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