O imigrante da Venezuela condenado pelo assassinato da estudante de enfermagem Laken Riley, nos Estados Unidos, foi sentenciado nesta quarta-feira (20) à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. O crime teve repercussão ampla e foi explorado pelo presidente eleito, Donald Trump, durante a campanha à Casa Branca.
Jose Ibarra, 26, que entrou de forma ilegal nos EUA, foi considerado culpado de assassinato. No momento em que o juiz lia o veredicto em voz alta, familiares e amigos de Riley soluçavam, enquanto o criminoso permanecia sentado e com semblante sério.
O crime ocorreu na Geórgia, um dos estados que eram considerados decisivos para o pleito. Trump e outros republicanos mencionaram o assassinato com frequência durante a corrida eleitoral.
Sem apresentar dados, Trump afirma que há aumento da violência nos centros urbanos do país e diz que a crise é resultado da entrada de imigrantes em situação irregular. Em discurso, prometeu impor pena de morte para estrangeiros que assassinarem americanos. Ele não explicou, porém, como isso poderia ser feito, uma vez que cada estado tem sua própria política sobre execução de condenados da Justiça.
Antes da eleição, o republicano chegou a dizer que o assassino de Riley é um “estrangeiro ilegal animal”. “Os democratas dizem ‘por favor, não os chame de animais, diga humanos’. Eu digo que não, eles não são humanos, são animais. Usarei a palavra animal porque é isso que eles são”, afirmou Trump.
Nesta quarta, o líder republicano comentou a sentença em sua rede social, a Truth Social. “Justiça para Laken Riley! O ilegal que matou nossa amada Laken Riley acabou de ser considerado culpado em todas as acusações por seus crimes horríveis”, escreveu ele.
Os promotores disseram que Ibarra abordou Riley, 22, em uma trilha arborizada enquanto ela corria. O assassinato teria ocorrido depois de a vítima resistir a uma tentativa de estupro.
Em declarações entregues no tribunal antes da sentença, a família e os amigos de Riley a descreveram como uma pessoa atenciosa que adorava correr e que gostava de ajudar o próximo. “Laken tinha um futuro lindo e brilhante”, disse sua mãe, Allyson Phillips, no tribunal. “Ela era inteligente, trabalhadora, gentil, atenciosa e, o mais importante, era uma filha de Deus.”
Em sua argumentação final nesta quarta, a promotora Sheila Ross chamou as provas contra Ibarra de esmagadoras. Foram analisados no processo o DNA sob suas unhas da vítima, que as autoridades ligaram ao réu, além de imagens de câmeras de monitoramento.
Os advogados de Ibarra afirmaram que as provas eram circunstanciais e que não podiam excluir a possibilidade de que o agressor fosse outra pessoa.
O caso de Riley ganhou as manchetes em março, após um discurso do presidente Joe Biden. Na ocasião, a deputada trumpista Marjorie Taylor Greene interrompeu a fala para exigir que o democrata mencionasse o nome da vítima.
Biden saiu do roteiro para mencionar Riley, que ele descreveu como uma mulher inocente “morta por um ilegal”.
Trump, por sua vez, sempre deixou claro que pretende deportar o máximo possível de imigrantes em situação irregular, algo que ele diz ser necessário após travessias recordes no governo Biden. Não está claro, porém, como Trump poderia executar o plano. Sem apoio do Congresso, ele não teria recursos para aumentar as detenções de forma significativa. Também pode ter dificuldades nos estados governados por democratas, críticos à proposta e que se recusam a cooperar com as autoridades federais de imigração.
Para colocar em prática o “maior esforço de deportação da história americana”, como tem prometido, o empresário diz que irá retomar políticas de seu primeiro mandato, incluindo a Título 42, que permitia expulsões automáticas de imigrantes sob justificativa sanitária durante a pandemia. Em comícios, ao mencionar organizações criminosas estrangeiras, já disse que vai ressuscitar uma lei implementada há 226 anos e que permite a expulsão de imigrantes em períodos de guerra declarada contra outras nações.