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Romênia: 2º turno terá candidata de direita e populista – 25/11/2024 – Mundo

Sem o “Trump romeno” Marcel Ciolacu, que não alcançou os votos necessários para ir ao segundo turno, a eleição presidencial do país do Leste Europeu será decidida entre um ultradireitista crítico da Otan e a líder de um partido de oposição de centro-direita, colocando em xeque o sólido apoio da Romênia à Ucrânia.

Os resultados são uma das maiores surpresas nas eleições da nação desde o fim do regime comunista, no final da década de 1980. Os líderes dos dois maiores partidos, os social-democratas de esquerda e os liberais de centro-direita, que estão em um governo de coalizão, foram eliminados no primeiro turno.

Com 99,9% das urnas apuradas, o candidato de ultradireita Calin Georgescu, 62, tinha 22,9% dos votos, enquanto Elena Lasconi, 52, estava em segundo lugar, com 19,16%, após ultrapassar o primeiro-ministro de esquerda Marcel Ciolacu, favorito para vencer o primeiro turno.

A derrota de Ciolacu não foi a única surpresa do pleito —algumas pesquisas de opinião mostravam Georgescu com cerca de 5% dos votos. Nem mesmo a boca de urna conseguiu adiantar o resultado, já que os levantamentos mostravam o atual premiê com 25% e Lasconi com 18%, enquanto os dois candidatos da ultradireita pontuavam entre 15% e 16%.

O comentarista político Radu Magdin disse à agência de notícias Reuters que a diferença entre a popularidade de um dígito de Georgescu nos levantamentos e o resultado de domingo não tem precedentes desde a redemocratização do país. “Nunca em nossos 34 anos de democracia vimos uma diferença tão grande em comparação com as pesquisas”, afirmou.

Para Sergiu Miscoiu, professor de ciência política da Universidade Babes-Bolyai, a hipótese de uma interferência russa para dar vantagem ao ultradireitista deve ser considerada. “Com base na postura de Georgescu em relação à Ucrânia e na discrepância entre as pesquisas de opinião e o resultado real, não podemos descartar isso”, afirmou.

Antigo membro do partido de ultradireita Aliança para a União dos Romenos, Georgescu chamou o escudo de defesa antimísseis da Otan na cidade de Deveselu de “vergonha da diplomacia”, afirmando que a aliança militar ocidental não protegerá nenhum de seus membros caso eles sejam atacados pela Rússia.

“Somos fortes e corajosos, muitos de nós votaram, ainda mais o farão no segundo turno”, afirmou na noite de domingo, em frente a um prédio residencial perto da capital.

Sua visão é diferente da de Lasconi, uma ex-jornalista que se juntou à União Salvar a Romênia em 2018 e tornou-se líder do partido este ano. Ela acredita em aumentar os gastos com defesa e ajudar a Ucrânia, país com o qual a nação compartilha uma fronteira de 650 quilômetros.

O presidente do país tem um papel semi-executivo que lhe confere controle sobre os gastos com defesa —questão que ganhou ainda mais importância após a Guerra da Ucrânia.

Com a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, Bucareste sofre ainda mais pressão para manter as metas de gastos da Otan enquanto tenta reduzir um pesado déficit fiscal. A Romênia é o país com a maior parcela de pessoas em risco de pobreza na União Europeia.

Desde que a Rússia atacou Kiev, em 2022, Bucareste permitiu a exportação de milhões de toneladas de grãos por meio de seu porto no Mar Negro e forneceu ajuda militar, incluindo a doação de um sistema de defesa antimísseis Patriot. Apesar de consolidar a visão pró-Ocidente, o presidente em fim de mandato, Klaus Iohannis, 65, foi acusado de não fazer o suficiente para combater a corrupção.

Fonte: Folha de São Paulo

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