O governo Lula (PT) conta com o apoio de um grupo de países para manter a estrutura administrativa da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza funcionando até pelo menos 2030.
Além do Brasil, a expectativa do governo é que pelo menos outros seis países doem recursos para o secretariado da iniciativa —a principal bandeira de Lula no G20.
Dois deles são conhecidos desde julho, quando os documentos fundacionais da Aliança Global Contra a Fome a Pobreza foram lançados: Espanha (US$ 850 mil, cerca de R$ 4,9 milhões, em valores atuais) e Noruega (US$ 1 milhão, cerca de R$ 5,8 milhões). Além deles, o Brasil recebeu indicativo de que também haverá aportes de Itália, Alemanha e Portugal.
Os portugueses devem doar US$ 1,8 milhão (R$ 10,4 milhões). Os aportes de Itália e Alemanha ainda não foram divulgados.
Por último, Bangladesh, um dos principais entusiastas do projeto brasileiro, anunciou uma doação de US$ 50 mil (R$ 289 mil)
Como parte das negociações, o governo Lula se comprometeu a repassar R$ 50 milhões para o secretariado da iniciativa. A ideia é que seja uma estrutura com poucos funcionários, divididos entre Roma, Brasília e Nova York.
O objetivo da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza é dar uma dimensão internacional ao combate às desigualdades sociais.
Um dos pilares da proposta se apoia em uma espécie de repositório de políticas de assistência social consideradas exitosas ao qual países poderão recorrer para desenvolver medidas semelhantes em seus territórios.
A meta anunciada pelo governo Lula é que a aliança consiga articular programas sociais que possam alcançar 500 milhões de pessoas em países de baixa e média baixa renda até 2030.
Desde que a iniciativa foi apresentada, em julho, o Brasil abriu um processo de adesão para países que apoiam a proposta.
A ideia é que governos contribuam com o compartilhamento de suas políticas públicas ou como receptores dessas experiências.
Há ainda nações que apenas endossam os princípios da iniciativa, como o reconhecimento de que é preciso acelerar o enfrentamento à desnutrição, diante de poucos avanços registrados na última década. Os idealizadores da aliança apontam que, se as tendências atuais se mantiverem, 582 milhões de pessoas viverão com fome em 2030, número parecido ao de 2015.
Até o momento houve dezenas de adesões, sendo que o número final deve ser anunciado pelo presidente Lula na cúpula do G20.
Alguns exemplos dos países que entraram no projeto são Canadá, Estados Unidos, Egito, Chile, Somália e Zâmbia.
A Argentina do ultraliberal Javier Milei ainda é uma dúvida. O documento que precisa ser endossado para aderir-se à iniciativa traz referências aos objetivos do desenvolvimento sustentável da ONU, o que é apontado como o motivo da resistência do governo Milei —que tem uma retórica antiglobalista.
Além de governos, também poderão se juntar organizações internacionais, bancos multilaterais e outras entidades.
A aliança será guiada pelo conceito de facilitar a conexão entre países, organizações e fontes de financiamento disponíveis para ações de combate à fome. Seu objetivo será ajudar no desenho de políticas sociais específicas para determinados países que solicitem ajuda, indicando também soluções para a obtenção dos recursos de implementação.
O Brasil se coloca num papel central nesse processo como possível exportador de casos de sucesso, seja pelo histórico de políticas sociais em larga escala, como o Bolsa Família e o Cadastro Único, seja pela imagem de Lula como um líder empenhado no combate às desigualdades.
DOADORES
- Brasil: R$ 50 milhões
- Bangladesh: US$ 50 mil (R$ 289 mil)
- Noruega: US$ 1 milhão (R$ 5,8 milhões)
- Espanha: US$ 850 mil (R$ 4,9 milhões)
- Portugal: US$ 1,8 milhão (R$ 10,4 milhões)
- Itália: valor a definir
- Alemanha: valor a definir