As explosões na praça dos Três Poderes, em Brasília, repercutem nesta quinta-feira (14) na imprensa internacional, que destaca o acontecimento “no coração político” do país às vésperas da Cúpula do G20. O evento nos próximos dias 18 e 19 deve reunir quase 40 chefes de Estado no Rio de Janeiro.
As detonações ocorreram na noite desta quarta-feira (13), um ano e dez meses após os ataques golpistas contra as sedes do STF (Supremo Tribunal Federal), do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.
Um homem morreu. Ele foi identificado como Francisco Wanderley Luiz, 59, chaveiro dono de um carro encontrado com explosivos nas proximidades e que disputou a eleição de 2020 como candidato a vereador pelo PL, com o nome de urna Tiü França, em Rio do Sul (SC), sem ter sido eleito.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil foi acionado por diversas delegações estrangeiras que estão no Rio de Janeiro para os eventos do G20. De acordo com pessoas com conhecimento do tema, os representantes brasileiros ressaltaram que a cúpula contará com um elevado protocolo de proteção das autoridades, que foi apresentado às delegações ao longo de reuniões nos últimos meses.
Na imprensa internacional, o site do jornal americano The New York Times, um dos mais importantes do mundo, menciona episódios de intolerância política no Brasil, incluindo os ataques do 8 de Janeiro e a investigação relacionada ao bolsonarista Alan Diego Rodrigues, suspeito de ter instalado uma bomba em um caminhão de combustíveis estacionado próximo ao Aeroporto de Brasília em dezembro de 2022.
“Muitos brasileiros de direita veem o Supremo Tribunal Federal como uma ameaça à democracia, argumentando que a corte está perseguindo as vozes conservadoras”, diz trecho da reportagem. “O tribunal realizou uma repressão contenciosa à desinformação online e às ameaças às instituições brasileiras, ordenando que plataformas de mídia social bloqueassem centenas de contas.”
O britânico The Guardian menciona que as explosões ocorreram a cinco dias da Cúpula do G20, no Rio, que será seguida de uma visita de Estado do líder chinês, Xi Jinping, ao presidente Lula, em Brasília.
O site do espanhol El País diz que as explosões colocaram em “alerta máximo o coração político do Brasil”. “Na praça [dos Três Poderes] estão concentradas a sede da Presidência, as duas Câmaras do Congresso e a sede do Supremo Tribunal Federal”. Ressalta ainda que o mesmo local “foi o epicentro da tentativa de golpe de Estado levada a cabo por milhares de apoiadores de Bolsonaro em janeiro de 2023”.
A imprensa argentina também repercute as explosões. O site do jornal Clarín menciona esvaziamento do STF e arredores. Já o La Nacion diz que há uma “forte operação” em andamento em Brasília. “As autoridades não descartaram um possível novo ataque com o objetivo de atingir as sedes dos três Poderes”, diz o jornal.
O Público, de Portugal, destaca a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O líder petista mantém, inicialmente, as agendas oficiais no Palácio do Planalto nesta quinta. “Em Brasília, é dado como certo que, depois das explosões das duas bombas, o Congresso não levará adiante o projeto de lei que daria anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Essa percepção, inclusive, prevaleceu entre parlamentares bolsonaristas, que levantaram o tema em grupos de mensagens”, diz.
As explosões repercutem também no mundo árabe. “No ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) –a mais alta autoridade eleitoral do Brasil– proibiu Bolsonaro de ocupar cargos públicos até 2030 por abusos de poder enquanto presidente. Apoiadores do ex-presidente de extrema direita, no entanto, direcionaram sua ira a figuras como Alexandre de Moraes, um ministro do Supremo Tribunal que também foi chefe do TSE”, diz a rede qatari Al Jazeera.