Alemanha terá as eleições para o Parlamento antecipadas para 23 de fevereiro, sete meses antes do previsto. Após o fim da coalizão que governou o país nos últimos três anos, o SPD, o partido do chanceler, Olaf Scholz, e a principal sigla da oposição, a CDU, alcançaram um acordo após quase uma semana de impasse.
Scholz deve se submeter a voto de confiança em 16 de dezembro, cerca de um mês antes do que ele próprio previra quando demitiu o ministro das Finanças, Christian Lindner, líder do FDP. A legenda liberal compunha uma impopular coalizão tripla, junto com os Verdes e os sociais-democratas do primeiro-ministro.
Friedrich Merz, líder da CDU e que se posiciona como candidato à chancelaria, queria prazos ainda mais curtos, com eleições em janeiro. A negociação ainda precisa ser avalizada pelo presidente da Alemanha, Fritz-Walter Steinmeier, que tem um papel formal no sistema político do país.
Lindner entrou em rota de colisão com Scholz e o ministro da Economia, Robert Habeck, na condução da combalida economia do país. Lançou de forma unilateral um pacote de teor neoliberal e se posicionou contra o relaxamento do teto de gastos vigente, passo que Scholz, parte da oposição e do mercado julgam necessário para tirar o país da estagnação.
Líder europeus seguem com atenção a política interna da maior economia do bloco. Além do efeito que pode causar no grupo um maior ou menor dispêndio alemão, preocupa uma eventual consolidação da extrema direita no país. Depois da CDU, o partido mais citado nas pesquisas de intenção de voto é a AfD, sigla considerada extremista pelo próprio governo e pelos serviços de segurança da Alemanha.
Scholz precisa aprovar até o fim do ano emenda ao Orçamento deste ano e o do exercício seguinte, assim como um pacote de ajuda à Ucrânia e o relaxamento do teto de gastos. O último item ainda enfrentaria questionamento jurídico, pois a regra foi tornada constitucional durante a gestão Angela Merkel (2005 a 2021).