O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, foi reeleito nesta segunda-feira (11) para o cargo após uma votação parlamentar, mas vai comandar um governo minoritário, após as eleições legislativas de outubro, que foram desastrosas para seu partido.
Ishiba foi eleito novamente pelos membros da Câmara Baixa do Parlamento com 221 votos a favor, contra 160 para seu rival Yoshihiko Noda, líder da principal legenda de oposição, o PDC (Partido Democrático Constitucional).
Como não houve maioria na primeira votação, a Câmara precisou organizar um segundo turno para decidir entre os dois candidatos mais votados no primeiro, o que não acontecia desde 1994.
Ishiba assumiu o cargo de premiê no início de outubro, depois de ser eleito como líder do governista PLD (Partido Liberal Democrático), e convocou eleições antecipadas com as quais esperava consolidar seu mandato como chefe de governo.
Antes dessa votação, a mídia chegou a especular que Ishiba poderia renunciar para assumir a responsabilidade por uma possível derrota, tornando-se assim o primeiro-ministro mais efêmero do pós-guerra.
Isso não aconteceu, mas os eleitores impuseram ao PLD seu pior resultado desde 2009, descontentes com um escândalo de financiamento no partido e pela inflação no país. Como consequência, o Japão pode entrar em um beco sem saída na política, com um Parlamento sem maioria clara.
De um lado, o PLD e seu aliado Komeito, de centro-direita, perderam a maioria absoluta, mas permanecem como o maior bloco da Câmara Baixa. Do outro, os partidos da oposição estão profundamente divididos em várias questões cruciais, mas seu apoio será indispensável para aprovar leis.
O PLD deu um passo em direção ao PDP (Partido Democrático Popular), uma pequena legenda centrista que aceitou cooperar pontualmente com o governo.
“Para permanecer no poder, Ishiba deve aprovar o orçamento do governo nos próximos meses. Isto significa que o PLD terá que fazer concessões e buscar alianças”, afirmou o analista Tomoaki Iwai.
Em suas negociações com o PLD, o PDP exigiu cortes fiscais e subsídios energéticos que, segundo os economistas, reduziriam consideravelmente as receitas fiscais do governo.
Paralelamente às negociações delicadas, Ishiba também enfrenta o descontentamento dentro de seu partido, que perdeu dezenas de cadeiras —incluindo as que eram ocupadas por ministros— nas eleições de 27 de outubro.
O índice de popularidade do governo Ishiba está pouco acima de 30%, mas as pesquisas mostram que a maioria da opinião pública considera que ele deve permanecer no cargo.