O Haiti irá nomear o empresário e ex-candidato ao senado Alix Didier Fils-Aime para substituir o primeiro-ministro Garry Conille, que foi escolhido para o cargo em maio, de acordo com um rascunho de uma resolução do conselho presidencial de transição ao qual a agência Reuters teve acesso.
A mudança é mais um golpe à tentativa de estabilização política do país, assolado por profunda crise de segurança e violência. Gangues armadas controlam a maior parte da capital, Porto Príncipe, e se expandiram para regiões próximas, forçando centenas de milhares a deixarem suas casas, em situação de grave crise humanitária.
A resolução, datada de segunda-feira (11), deve ser publicada no Diário Oficial nesta semana.
Nas últimas semanas, Conille embarcou em viagens ao exterior, para os Emirados Árabes Unidos e o Quênia, em busca de mais auxílio para a segurança do Haiti após um ataque de gangues matar pelo menos 70 pessoas no país.
Em uma carta divulgada neste domingo (10) nas redes sociais, o premiê disse que o conselho de transição só tinha poder para nomear um primeiro-ministro, mas não para destituí-lo do cargo.
“Esta resolução, tomada fora de qualquer estrutura legal e constitucional, levanta sérias preocupações sobre sua legitimidade e seu impacto no futuro do nosso país”, dizia a carta.
Um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro não respondeu a um pedido de comentário.
Didier Fils-Aime, que deve assumir o cargo, é filho do conhecido ativista haitiano Alix Fils-Aime, que foi preso durante o regime do ditador Jean-Claude “Baby Doc” Duvalier.
O atual premiê, Conille, que também liderou brevemente o país há mais de uma década, está no cargo há cerca de seis meses. Ele foi nomeado para o cargo em maio pelo conselho de transição do Haiti enquanto a nação caribenha trabalha para restaurar a estabilidade.
O conselho de transição, nomeado em abril, ficou encarregado de escolher um primeiro-ministro e exercer poderes presidenciais até que as condições sejam consideradas seguras o suficiente para uma nova eleição. Houve disputas internas entre os conselheiros.