Um dos mais eufóricos entusiastas de Donald Trump, o presidente da Argentina, Javier Milei, fará mais uma viagem aos Estados Unidos, na semana que vem, desta vez com o desejo de se encontrar com o republicano, que deve voltar à Casa Branca em 2025.
A viagem foi confirmada à reportagem pela Casa Rosada, que no entanto ainda não crava que haverá um encontro com Trump. A ida coincide com mais um evento da CPAC, a conferência conservadora que já fez os dois líderes se reunirem há alguns meses. Desta vez o encontro é em Mar-a-Lago, resort de luxo de Trump na Flórida.
Milei já havia eleito Washington como sua aliada de primeira hora ainda sob o governo do democrata Joe Biden, mas com Trump vê um cenário muito mais favorável, ainda que os benefícios que poderá tirar da administração do republicano sejam uma grande incógnita.
“Donald Trump é um enorme expoente do mundo livre, ocidental e capitalista”, disse seu governo ao celebrar a vitória do republicano na disputa contra Kamala Harris. “Sua liderança terá apoio incondicional do nosso país para defender a vida, a liberdade e a propriedade.”
Com sorriso de orelha a orelha, Milei já havia encontrado com Trump em fevereiro deste ano, durante outro evento da CPAC, em Washington. O argentino já foi diversas vezes aos EUA. Na ocasião, tirou fotos com Trump e lhe disse: “O senhor foi um grande presidente e espero que volte a ser”.
O ultraliberal também se mostrou muito próximo ao aliado número 1 de Trump, o bilionário Elon Musk, dono do X e da Tesla. Milei se encontrou com Musk no Texas e já o convidou para viajar à Argentina.
Há certa expectativa de que o retorno de Trump à Casa Branca possa levar a algum alívio considerável da dívida que a Argentina tem com o FMI (Fundo Monetário Internacional). A disposição que terá o governo Trump para atuar nesse sentido, no entanto, é desconhecida.
Milei já iria à posse de Trump em janeiro do próximo ano, mas agora busca adiantar sua viagem também para se colocar como um possível interlocutor de Trump na América Latina, região que até aqui, em seu mandato, o argentino não fez questão de impulsionar ou promover.
Em uma vizinhança na qual os maiores países são governados por governos de esquerda (Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil; Gustavo Petro na Colômbia, Gabriel Boric no Chile e Claudia Sheinbaum no México), Milei via como um de seus únicos aliados o líder de El Salvador, o autocrata em construção Nayib Bukele. Bukele já viajou a Buenos Aires, e os dois firmaram acordos na área de segurança.
Depois de ir aos EUA, Milei já tem outra agenda internacional, a cúpula do G20 no Rio de Janeiro, na qual confirmou participação em carta ao governo brasileiro. Também neste período ele receberá duas visitas em Buenos Aires: a da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, outra aliada de Trump e que já recebeu Milei em Roma, e a do presidente francês, Emmanuel Macron.
O novo chanceler argentino, Gerardo Werthein, era até há poucos dias embaixador justamente nos EUA. Próximo a Milei, é tido como uma figura que ajudará o governo no alinhamento à política americana.
Ele substituiu Diana Mondino, economista forçada a renunciar após um polêmico voto na ONU pelo fim do embargo a Cuba, em meio a um movimento de quase caça às bruxas no Ministério de Relações Exteriores, com pressão pública e reiterada contra diplomatas considerados de linhas contrárias à do governo.