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Irã: Mulher seminua é presa ao protestar no Irã, diz ONG – 04/11/2024 – Mundo

A ONG Anistia Internacional denunciou neste sábado (2) a prisão de uma estudante universitária no Irã que teria se despido em protesto contra o rígido código de vestimenta imposto às mulheres no país.

Segundo a organização, ela foi presa de forma violenta na Universidade Islâmica de Azad, em Teerã. Um vídeo compartilhado nas redes sociais a mostra sendo forçada a entrar em um carro por homens à paisana.

O canal no Telegram do veículo de mídia estudantil Amir Kabir afirmou que ela foi severamente espancada. Segundo o mesmo veículo, a jovem estava sendo há semanas perseguida pelo regime e pela Basij, uma milícia islâmica formada por voluntários, e tinha tirado completamente suas roupas depois que essas foram parcialmente arrancadas por forças de seguranças e que ela teve o seu hijab, o véu islâmico, rasgado.

O canal não tinha publicado atualizações sobre a identidade ou o estado geral da jovem até a tarde desta segunda-feira (4).

A Anistia Internacional publicou um vídeo em que a jovem aparece sentada no campus usando apenas roupas íntimas e discutindo com um homem. Em determinado momento, ela começa a perambular pela área.

“As autoridades do Irã precisam libertá-la imediatamente”, escreveu a ONG. “Enquanto aguardam sua liberação, as autoridades devem protegê-la de tortura e de outros maus-tratos, e garantir que sua família e um advogado tenham acesso a ela. As suspeitas de que ela foi espancada e de que foi foi alvo de violência sexual na prisão precisam ser investigadas de forma independente e imparcial. Os responsáveis devem ser responsabilizados.”

Relatora especial da ONU para o Irã, Mai Sato disse no X que monitoraria “o incidente de perto, incluindo a resposta das autoridades”.

O incidente remete ao que houve com Mahsa Amini, 22, morta em 2022 após ser presa pela polícia moral do país. Ela tinha sido detida por supostamente não usar o hijab, o véu islâmico, e de acordo com a sua família, foi espancada até a morte pelas forças de segurança —o regime afirma que ela morreu devido a um ataque cardíaco.

O episódio mobilizou todo o país, e as manifestações que o sucederam foram consideradas a maior ameaça ao regime dos aiatolás desde a criação da República Islâmica em 1979.

A administração reagiu duramente, e organizações de direitos humanos afirmam que confrontos entre as forças de segurança e manifestantes durante os atos deixaram mais de 500 mortes, sendo 71 delas de menores de idade. Quando a situação arrefeceu, Teerã realizou sete execuções ligadas aos atos.

Um relatório da Anistia Internacional publicado no ano passado ainda afirmou que as autoridades iranianas ainda “têm submetido as famílias das vítimas a prisões e detenções arbitrárias, impondo restrições cruéis às reuniões pacíficas em túmulos e destruindo as lápides das vítimas”.

Fonte: Folha de São Paulo

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