spot_img
HomeMundoEleições EUA: Trump depende mais de verba de bilionários - 30/10/2024 -...

Eleições EUA: Trump depende mais de verba de bilionários – 30/10/2024 – Mundo

Um pequeno número de bilionários pode ajudar a influenciar o resultado da eleição presidencial dos EUA, já que muitos dos mais ricos do mundo gastam centenas de milhões de dólares para ajudar seu candidato preferido a vencer.

Kamala Harris e Donald Trump estão concorrendo lado a lado nos últimos dias antes da votação, que está a caminho de ser a mais cara da história. Os candidatos e grupos aliados arrecadaram mais de US$ 3,8 bilhões até meados de outubro.

Uma análise do Financial Times dos registros de financiamento de campanha revelou que os bilionários doaram pelo menos US$ 695 milhões (mais de R$ 4 bilhões), ou cerca de 18%, do total de dinheiro arrecadado durante esse ciclo eleitoral.

Trump é particularmente dependente das elites dos EUA, com cerca de um terço do dinheiro arrecadado pela campanha e grupos aliados vindo de bilionários, em comparação com 6% dos fundos arrecadados por Kamala a partir desse grupo.

De janeiro de 2023 a meados de outubro de 2024, os grupos que apoiam Joe Biden e Kamala superaram os grupos pró-Trump em US$ 2,2 bilhões e US$ 1,7 bilhão (R$ 12,7 e 9,8 bilhões).

No total, pelo menos 144 pessoas na lista de cerca de 800 bilionários dos EUA compilada pela Forbes estão usando sua riqueza para influenciar a eleição de 2024.

Os números destacam o enorme salto na quantidade de dinheiro que entrou na política dos EUA desde o caso Citizens United vs. Federal Election Commission, da Suprema Corte, em 2010, que permitiu que indivíduos doassem quantias ilimitadas a grandes comitês de ação política —os chamados superpacs—, que são independentes das campanhas oficiais.

É provável que os registros de campanha subestimem o total arrecadado pelos doadores megarricos, pois a identidade dos indivíduos que doam para algumas organizações sem fins lucrativos é ocultada. O cofundador da Microsoft, Bill Gates, disse em particular que doou US$ 50 milhões (R$ 288 milhões) a uma organização sem fins lucrativos pró-Kamala, de acordo com o New York Times, mas o valor ainda não apareceu em nenhuma divulgação financeira pública.

Doadores de Kamala

Cerca de US$ 127 milhões (R$ 731 milhões) do financiamento de Kamala, ou 6% do total, foram doados por bilionários, uma proporção muito menor do que a de Trump. Eles incluem:

Dustin Moskovitz foi cofundador do Facebook com seu colega de quarto de Harvard, Mark Zuckerberg, antes de ser cofundador da empresa de software de gerenciamento de trabalho Asana.

Moskovitz tem um patrimônio líquido de US$ 15 bilhões (R$ 86,4 bilhões), de acordo com a Forbes. Ele doou US$ 38 milhões (R$ 218,8 milhões) para o superpac pró-Kamala Future Forward e mais de US$ 1 milhão (R$ 5,7 milhões) para outros grupos que apoiam a vice-presidente.

Moskovitz é um crítico veemente do chefe da Tesla, Elon Musk, que apoia Trump, e de suas alegações sobre veículos autônomos, e é um defensor do altruísmo eficaz, uma forma orientada por dados de considerar os esforços filantrópicos.

Enquanto outros membros da chamada máfia do Pay Pal —Musk, o apresentador do podcast All-In, David Sacks, e o capitalista de risco Keith Rabois— apoiaram Trump, o cofundador do LinkedIn, Reid Hoffman, 57, tornou-se um dos principais doadores de Kamala.

Hoffman doou US$ 10 milhões (R$ 57,6 milhões) para o Future Forward e outros US$ 6 milhões (R$ 34,5 milhões) para o Republican Accountability pac, que divulga depoimentos críticos de ex-apoiadores de Trump.

Hoffman, cujo patrimônio líquido é de US$ 2,5 bilhões (R$ 14,4 bilhões), de acordo com a Forbes, retratou o plano econômico de Trump como inflacionário.

“O ex-presidente Donald Trump é o tipo de vendedor que nenhum empresário bem-sucedido consegue suportar”, escreveu Hoffman em um recente artigo da Bloomberg. “Ele promete o mundo, mas entrega apenas ‘conceitos de um plano’. Sua agenda econômica é uma mistura míope de políticas que, segundo a previsão de muitos dos principais economistas e líderes empresariais, resultará em inflação mais alta, menos estabilidade e menor crescimento.”

Bloomberg, o ex-prefeito de Nova York de 82 anos, cujo patrimônio líquido é superior a US$ 104 bilhões (R$ 598,8 bilhões), de acordo com a Forbes, nunca foi fã de Trump.

Em 2019, ele disse que achava ofensivos a atitude, o estilo e a “falta de civilidade” de Trump. Em seguida, gastou mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) em uma campanha de curta duração para a Presidência —e depois doou outros milhões para ajudar Biden a vencer.

Em 30 de maio, o dia em que Trump foi condenado por falsificar registros de negócios em um julgamento em Nova York, Bloomberg doou US$ 19 milhões (R$ 109,4 milhões) para a Future Forward (então apoiando Biden).

Desde então, não fez nenhuma doação pública a Kamala. No entanto, ele e Gates discutiram fazer uma doação privada de vários milhões de dólares, informou recentemente o New York Times.

Doadores de Trump

Os grupos pró-Trump receberam pelo menos US$ 568 milhões (R$ 3,3 bilhões) de bilionários, ou cerca de um terço (34%) de todo o dinheiro que sua campanha arrecadou. Desse montante, US$ 432 milhões (R$ 2,5 bilhões) vieram de apenas quatro doadores.

Mellon é um dos maiores doadores do ciclo eleitoral de 2024, doando US$ 150 milhões (R$ 863 milhões) ao superpac de Trump Make America Great Again Inc —cerca de 45% de seu financiamento total.

O recluso Mellon, 82, é descendente de uma das dinastias de banqueiros dos Estados Unidos, mas uma das figuras menos conhecidas na órbita de Trump.

As pistas sobre sua decisão de gastar tanto com o ex-presidente vêm em grande parte de seu livro publicado em 2014, Panam.Captain, no qual ele revela como deixou de apoiar o Partido Democrata quando Ronald Reagan concorreu à Presidência, em 1980.

O livro também aborda de forma controversa a questão racial, envolvendo-se em estereótipos racistas em um capítulo chamado “Slavery Redux”.

Mellon já fez doações para o Partido Republicano no passado e, em 2020, doou mais de US$ 50 milhões (R$ 287,9 milhões) para o esforço do governador republicano do Texas, Greg Abbott, de construir um muro ao longo da fronteira entre os EUA e o México, mas isso foi eclipsado por sua doação a grupos de Trump este ano.

Musk, o homem mais rico do mundo, havia doado mais de US$ 118 milhões (R$ 679,4 milhões) para a pac pró-Trump até meados de outubro.

Espera-se que esse número aumente; a campanha de arrecadação de fundos de Trump disse esta semana que Musk igualaria as doações dos apoiadores até o limite legal de US$ 924,6 milhões (R$ 5,3 bilhões). A pac gastou mais de US$ 133 milhões (R$ 765,7 milhões) em placas, anúncios e funcionários para bater de porta em porta e incentivar as pessoas a votar.

Musk também pagou a eleitores registrados em estados-pêndulo US$ 47 (R$ 270) para assinarem uma petição e deu a algumas pessoas US$ 1 milhão (R$ 5,7 milhões) cada, em uma medida controversa. O Departamento de Justiça advertiu que os pagamentos podem violar a lei dos EUA.

Apesar de chefiar a Tesla, a SpaceX, a xAI e a X, Musk investiu uma quantidade considerável de seu tempo na eleição, reunindo eleitores em um palco na Pensilvânia e publicando constantemente em sua plataforma de mídia social.

O bilionário considera as regulamentações governamentais como obstáculos à sua visão do futuro e parece acreditar que, se Trump vencer, obterá uma influência substancial sobre como o governo trata suas empresas, que já se beneficiam de créditos fiscais para veículos elétricos e contratos federais multibilionários.

Diversos órgãos governamentais —incluindo a Administração Nacional de Segurança do Tráfego Rodoviário e a Comissão de Valores Mobiliários— investigam seus negócios.

“Se a tendência atual de estrangulamento por excesso de regulamentação não for revertida, não chegaremos a Marte”, disse Musk em um comício recente.

Adelson, médica israelense-americana e viúva de Sheldon Adelson, doou mais de US$ 100 milhões (R$ 575,8 milhões) para a pac pró-Trump Preserve America.

Dona do cassino Las Vegas Sands e dos jornais Las Vegas Review Journal e Israel Hayom, ela também é a sócia majoritária do time de basquete Dallas Mavericks. Seu patrimônio líquido é de mais de US$ 34 bilhões (R$ 195,8 bilhões), de acordo com a Forbes.

Em 2018, Trump concedeu a Adelson a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honraria civil dos EUA, por seu trabalho de combate ao abuso de substâncias e apoio a causas judaicas, incluindo a Birthright Israel e a Friends of the Israel Defense Forces.

Adelson comparou o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 ao Holocausto, escrevendo no Review Journal que foi “per capita, o pior ataque terrorista da história mundial”.

Liz e Dick Uihlein, os bilionários fundadores da empresa de transporte e embalagem Uline, doaram cerca de US$ 70 milhões (R$ 403 milhões) para sua organização pró-Trump Restoration e mais US$ 10 milhões (R$ 57,6 milhões) para a Maga Inc.

Em uma entrevista de março ao FT, Liz Uihlein explicou por que estava apoiando Trump, apesar de ter ficado ao lado de Ron DeSantis nas primárias republicanas —e expressou sua esperança de que o governador da Flórida concorresse novamente em 2028.

Ela disse que temia que a luta pelo direito ao aborto ajudasse os democratas a se reelegerem, mas declarou que a insatisfação dos americanos com a inflação e a imigração estava trabalhando a favor de Trump. Ela também lamentou a incapacidade dos EUA de impedir que os houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, atacassem as rotas marítimas do Mar Vermelho.

Apesar de seu apoio financeiro, Liz Uihlein tem reservas quanto à personalidade do republicano. “Todo mundo gosta das políticas de Trump, mas temos quase 10 mil pessoas que trabalham para nós, e eu nunca falaria com elas da maneira como Trump fala com as pessoas”, disse ao FT. “Eu não trato as pessoas dessa forma”.

Fonte: Folha de São Paulo

RELATED ARTICLES

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

- Advertisment -spot_img

Outras Notícias