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Vídeo: ‘Meu sobrinho virou pilha de ossos’, diz palestino – 02/10/2024 – Mundo

No dia 19 de setembro, Shadi Zakharneh voltou à tarde do trabalho como agente dos serviços de segurança da ANP (Autoridade Nacional Palestina) em Qabatiya, na Cisjordânia. Algumas horas depois, ele era o que seu tio Zuher definiu como “uma pilha de ossos”, cortesia do Estado de Israel.

O que aconteceu entre um momento e outro é objeto de discussão, e a contaminação por décadas de polarização extremada entre israelenses e palestinos, além das dificuldades de se trabalhar numa zona de guerra como é na prática a Cisjordânia, dificulta veredictos definitivos.

O jovem Zakharneh morava numa casa conjugada à do primo, Hamed Zakharneh Lobani, outro agente de segurança. “Ele esperava para tomar um chá aqui nesta varanda onde conversamos”, disse Zuher, 58, egresso também do obscuro aparato de segurança da ANP.

“Os soldados chegaram, mas não só eles. Havia franco-atiradores em todo canto, drones e até caças”, disse o tio. Segundo ele, Shadi disse à mulher, Nahila, prestes a dar à luz, que se escondesse em casa.

O que se passou dali em diante é nebuloso. A versão da família é que o rapaz se escondeu na casa vizinha até que os soldados resolveram fritá-lo com granadas de fósforo branco —eles não sofisticam a discussão a esse nível, mas o cheiro impregnado no local e as condições descritas do corpo de Shadi sugerem que o altamente inflamável componente foi usado.

Ele queima por tanto tempo que é considerado ideal para derreter cadáveres: as forças de segurança do Paquistão nos anos 2000 ficaram famosas por dissolver inimigos políticos e jogar os restos no rio mais próximo.

Na versão contada por Zuher, Shadi se escondia enquanto quatro outros procurados protagonizaram uma cena insólita: soldados israelenses jogando corpos inertes de cima do telhado da casa. “A escavadeira dos judeus que estava aqui apenas coletou os corpos”, disse.

A cena viralizou, sendo objeto de grande debate em Israel. “Este é um incidente sério que não está em linha com o os valores [das Forças Armadas] que esperamos dos soldados”, disseram, em nota, as Forças de Defesa de Israel.

Segundo elas, tudo o que ocorreu está sob investigação. Sua divulgação inicial do caso, contudo, foi diferente, com o jornal Yedioth Ahronoth citando a “eliminação de um terrorista”, atingido “com outros dentro de um carro”.

A discrepância lembra os boletins de ocorrência brasileiros de “resistência seguida de morte”, mas evidentemente não há como dizer nada agora. Até por sua função, dois dos jovens mortos estavam armados, mas não Shadi, sempre segundo seu tio.

Na sua versão, Shadi escondeu-se o tempo possível, mas acabou achado. O fósforo branco fez o resto do serviço, diz Zuher. Seja como for, o cheiro de queimado e de produto químico no local permanecia forte no sábado (29), dez dias depois da ação.

“Eu fiquei procurando quando a chama baixou, e achei uma pilha de ossos. Tudo foi mandado para o Clube Forense Palestino para análise”, disse o tio, sem saber ainda o resultado final. Ao todo, morreram no local sete pessoas.

No local, a destruição é evidente. Há ruínas do lado de fora também, onde uma escavadeira emulou o serviço de outras em quebrar a infraestrutura local. “Eles [Israel] acham que vão nos expulsar daqui, mas não vai ser assim”, disse Zuher.

Fonte: Folha de São Paulo

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