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Como terminaram as últimas 3 invasões de Israel no Líbano – 02/10/2024 – Mundo

A ofensiva terrestre de Israel no Líbano nesta semana sucede múltiplas invasões do país por Tel Aviv nos últimos 50 anos. Os líderes israelenses, porém, frequentemente se arrependem da decisão de colocar tropas em uma nação que alguns historiadores chamaram de “o Vietnã de Israel”.

Após a criação do Estado judeu, em 1948, refugiados palestinos inundaram a fronteira com o Líbano. O país logo se tornou uma base para grupos armados, como a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), transformando o território libanês em um campo de batalha no conflito árabe-israelense.

O objetivo das primeiras invasões era afastar grupos militantes palestinos exilados de sua fronteira, mas a violência subsequente estimulou a criação de novos inimigos, incluindo o Hezbollah. Agora, foi o grupo extremista apoiado pelo Irã que começou a disparar foguetes contra Israel após o ataque do Hamas, facção palestina que Israel tenta derrotar.

Primeira invasão israelense em 1978

Em 1978, Tel Aviv lançou sua primeira invasão terrestre em território libanês em retaliação a um ataque palestino contra um ônibus em Israel. O atentado deixou 35 israelenses mortos e parecia ter a intenção de atrapalhar as negociações de paz entre Israel e Egito.

Os agressores palestinos partiram do sul do Líbano, dando aos comandantes israelenses um motivo para empurrar a OLP além do Litani. Rio mais longo do Líbano, o Litani corre, em alguns pontos, a cerca de 30 quilômetros da fronteira sul do país.

Tropas israelenses invadiram o sul do Líbano em março de 1978, usando apoio aéreo e naval massivo e coordenando-se com uma milícia cristã libanesa. Na ocasião, o Exército de Israel disse ter destruído a infraestrutura da OLP e matado 300 combatentes palestinos na ofensiva de uma semana. Alguns historiadores, porém, estimam que mais de 1.000 civis foram mortos e dezenas de milhares deslocados.

Segunda invasão israelense em 1982

Em 1982, um atirador palestino tentou assassinar o embaixador de Israel no Reino Unido, e Israel respondeu lançando sua segunda invasão. O objetivo declarado dos israelenses era afastar militantes palestinos da fronteira e acabar com os ataques de foguetes no norte de Israel.

O então primeiro-ministro Menachem Begin, do partido de direita Likud, negou que Israel planejasse ocupar o território libanês, dizendo que traria as tropas “de volta para casa o mais rápido possível”.

Os israelenses, então, cruzaram a fronteira sem oposição e foram até bem recebidos por alguns libaneses cansados de combates entre milícias palestinas e xiitas. Mas a promessa de Begin de retirar rapidamente os soldados não foi cumprida.

Forças israelenses e seus aliados cristãos dominaram o sul do país, enfrentaram o Exército sírio no nordeste e cercaram o oeste de Beirute, onde estavam baseados combatentes palestinos e seus aliados libaneses.

O jornalista libanês-palestino Samir Kassir descreveu mais tarde como um bombardeio de três meses, “quase sem interrupção por ar, terra e mar”, que visava comandantes palestinos matou, segundo ele, milhares de civis. Por fim, a OLP foi exilada em um acordo mediado pelos Estados Unidos e escolheu a Tunísia como sua nova sede.

No entanto, depois que o líder da milícia cristã e recém-eleito presidente do Líbano Bashir Gemayel foi assassinado em setembro, tropas israelenses voltaram a ocuparam partes ocidentais de Beirute e milícias cristãs libanesas apoiadas por Israel massacraram centenas de palestinos nos campos de refugiados de Sabra e Shatila.

Posteriormente, uma investigação israelense concluiu que Israel tinha “responsabilidade indireta” pelo massacre, forçando Ariel Sharon a renunciar como ministro da Defesa.

Apesar da perda de quase 400 soldados, o Exército de Israel falhou em seu objetivo principal de acabar com os ataques de foguetes transfronteiriços —o Hezbollah surgiu do conflito, atacando Israel com o apoio do regime teocrático no Irã.

Embora Tel Aviv tenha concordado em se retirar do sul do Líbano em 1983, seus soldados continuaram a ocupar faixas de território e lançar ofensivas durante as décadas de 1980 e 1990. A luta matou civis e causou o deslocamento em massa de pessoas no sul.

Israel manteve o que chamou de “zona de segurança” no lado libanês da fronteira, mas os ocupantes ficaram presos em um atoleiro militar.

Guerra Israel-Hezbollah em 2006

Em 2000, sob o primeiro-ministro trabalhista Ehud Barak, Israel deixou unilateralmente a faixa de segurança. O Hezbollah reivindicou a vitória e a chamada “linha azul” da ONU foi traçada entre Israel, Líbano e as Colinas de Golã.

Mas os confrontos continuaram, e, em 2006, o Hezbollah sequestrou dois soldados israelenses em um ataque transfronteiriço e matou outros oito. Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea punitiva, bombardeando alvos do grupo e outras infraestruturas antes de enviar tropas de volta ao sul do Líbano.

Após 34 dias de guerra e pesadas perdas de ambos os lados, Israel recuou. O Hezbollah resistiu ao ataque de tropas tecnicamente superiores e melhor armadas.

A popularidade do então primeiro-ministro israelense Ehud Olmert caiu para apenas 3% após um relatório do governo criticar “falhas muito graves” na guerra.

O conflito de um mês terminou com a Resolução 1701 da ONU, que pedia que Hezbollah e Israel se retirassem das áreas fronteiriças, a serem substituídos por forças de paz da ONU e pelo Exército libanês.

Nenhum dos lados implementou adequadamente seus termos, deixando um conflito latente na fronteira. Antes da última incursão de Israel, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu prometeu continuar “degradando” a facção. “Chega é chega.”

Fonte: Folha de São Paulo

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