Dizem que, não importa o tamanho da plateia, o artista precisa fazer o seu melhor. Bruno Mars não deve se apresentar para só 2.000 pessoas há mais de uma década, desde que alcançou o status de novo rei do pop, mas parece levar este clichê a sério.
Para abrir sua nova turnê no Brasil, o cantor fez um show para esta plateia diminuta na noite desta terça-feira, no Tokio Marine Hall, em São Paulo. A apresentação foi restrita a convidados e aos ganhadores de uma promoção que a Budweiser para angariar doações aos desabrigados pelas enchentes no Rio Grande do Sul em maio, com cerca de R$ 1 milhão foi arrecadados.
Bruninho, como o artista americano ficou conhecido pelos fãs em sua última passagem pelo país, estava tão empolgado quanto nos shows do The Town, festival onde se apresentou duas vezes para plateias de 100 mil pessoas em setembro do ano passado.
Ele subiu ao palco pontualmente, às 21h, e não demorou a entregar o que os fãs mais queriam —seus maiores hits. Não que isso seja difícil, já que sucessos não faltam em seu repertório. Começou com o funk dançante “24K Magic”, como tem feito em todas as apresentações pelo mundo, mas logo voltou um pouco mais ao passado.
Cantou, então, “Treasure”, cujo refrão chiclete a plateia acompanhou com as mãos para o alto, batendo palminhas, e emendou um solo de guitarra que fez o público ficar desorientado por poucos segundos, mas logo quebrou o espanto com “Billionaire”.
A plateia reagiu com sua maior efusividade até aquele momento, ao que Bruno correspondeu. Findada a apresentação da faixa como gravada em estúdio, ele se aproximou o máximo que pôde da borda do palco, os holofotes todos em sua direção, e cantou o refrão da mesma canção quase todo à capela, exceto por alguns ajustes que aproveitou para fazer em sua guitarra.
Até aí, o artista indicava que poderia apenas apresentar um amontado de hits para um público que o ama —o Brasil é o quinto país que mais ouve suas músicas no Spotify, a maior plataforma de streaming do mundo, segundo o Chartmetric, start-up que reúne dados para a indústria fonográfica.
Isso não seria nada ruim de assistir, dada sua extensão e potência vocal, que vai dos graves aos agudos, mais finos como em “Please Me” ou mais roucos em “Locked Out of Heaven”, um dos pontos mais altos da apresentação, assim como “Uptown Funk”.
Mas o artista quis ir além. Dançou sem medo de errar, ao lado da banda Hooligans, composta por oito integrantes com quem ele mostrou ter afinidade e que acompanhou seus passinhos enquanto tocava toda sorte de instrumentos. Não há dúvidas de que tudo foi ensaiado, mas também não pareceu faltar espaço para o improviso.
Pode parecer pouco, mas o desapego a um roteiro e uma conexão mútua com a plateia é hoje algo notável para uma superestrela do pop. Não é mais a isso, afinal, que o público está acostumado a ver, como evidenciam apresentações recentes um tanto mornas no país —para lembrar um exemplo recente, houve o “playback” descarado de Akon no Rock in Rio, há uma semana, e as apresentações todas iguais de Taylor Swift no ano passado, nas quais a cantora não alterou uma linha de suas falas ou de sua set-list.
Os shows de Bruno Mars no Brasil acontecem nos dias 4, 5, 8, 9, 12 e 13 de outubro, em São Paulo, no Estádio do Morumbi. Em 16, 19 e 20, ele toca no Rio de Janeiro, no Nilton Santos. Depois, segue para Brasília, no Mané Garrincha, em 26 e 27 de outubro; vai a Curitiba, nos dias 31 de outubro e 1 de novembro, no Couto Pereira, e termina o giro brasileiro em Belo Horizonte, em dia 5 de novembro, no Mineirão.