A cidade holandesa de Haia vai proibir a publicidade de rua de combustíveis fósseis, segundo um aviso publicado na última semana, em um momento em que várias cidades ao redor do mundo adotam medidas para impedir a publicidade de setores com altas emissões de gases de efeito estufa.
O conselho municipal da terceira maior cidade da Holanda aprovou na última quinta-feira (12) as novas regras para a publicidade externa, que entrarão em vigor em janeiro e se aplicarão a outdoors e telas publicitárias independentes.
A proposta foi apresentada pelo Partido para o Bem-Estar dos Animais da cidade. A decisão segue medidas já tomadas por cidades como Amsterdã, Edimburgo e Sydney, além de um discurso enfático do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, em junho, apelando aos países para proibirem a publicidade de combustíveis fósseis.
“Estamos jogando roleta-russa com o nosso planeta. Precisamos de uma saída da rodovia para o inferno climático. Mas a boa notícia é que temos o controle do volante. A batalha para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C será ganha ou perdida na década de 2020″, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, no Dia do Meio Ambiente, em 5 de junho.
Guterres discursou no Museu Americano de História Natural, em Nova York, sobre as medidas urgentes que empresas e líderes políticos —especialmente o G7 e o G20— precisam implementar para garantir um futuro habitável na Terra. Uma das sugestões foi, por exemplo, encorajar os países a banirem a publicidade associada às empresas de combustíveis fósseis, uma vez que elas são “os padrinhos do caos climático”.
Haia agora responde a esse apelo ao aprovar uma lei local inovadora que proíbe a publicidade que promova produtos derivados de petróleo, carvão e gás, assim como serviços com alto teor de emissões de carbono, como cruzeiros e viagens aéreas, com efeito a partir de 1º de janeiro de 2025.
“Esta legislação histórica envia uma mensagem poderosa de que os governos estão prontos para tomar medidas concretas para enfrentar a crise climática e proteger seus cidadãos de influências comerciais prejudiciais”, diz um comunicado de imprensa da rede Global Strategic Communications Council.
Outros apoiadores comentaram a medida, como Uwe Krüger, cientista da comunicação na Universidade de Leipzig e autor do relatório “Advertising for climate killers – Como a publicidade na televisão e no YouTube viola o Tratado Interestatal dos Meios de Comunicação”.
“Um voo intercontinental, um cruzeiro marítimo ou um SUV, por si só, podem consumir o nosso orçamento de CO2 per capita durante um ano inteiro. A publicidade de produtos com altas emissões tende a aumentar suas vendas ao despertar supostas necessidades nos consumidores. Em um nível cultural, também normaliza o consumo de produtos nocivos ao meio ambiente —embora todos nós precisemos urgentemente reduzir a pegada de carbono do nosso estilo de vida para manter o aquecimento global dentro de limites toleráveis”.
“A ‘cidade da paz e da justiça’ envia um forte sinal para a sustentabilidade e a justiça intergeracional —os políticos locais e os meios de comunicação de todo o mundo devem olhar para ela e refletir sobre suas opções para limitar a publicidade a produtos fósseis nas cidades, na televisão, nas plataformas e em outros meios de comunicação, em favor de nossos filhos e netos”, concluiu.