As forças de Israel bombardearam nesta quinta (19) posições do Hezbollah no sul do Líbano, no primeiro ataque aéreo após a engenhosa ação que fez explodir pagers e walkie-talkies do grupo xiita, matando até aqui 37 pessoas e ferindo mais de 3.000.
Foram empregados caças e artilharia contra seis pontos. Na véspera, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, havia dito que Israel estava à beira de uma nova fase na guerra contra seus adversários, e que deslocaria recursos para a fronteira norte do país com o Líbano.
O atual conflito no Oriente Médio começou há quase um ano, em 7 de outubro passado, quando o grupo terrorista palestino Hamas atacou de surpresa Israel, matando 1.170 pessoas e fazendo 251 reféns, a maior ação contra o Estado judeu em 50 anos.
A reação contra o Hamas, que é aliado do Hezbollah e também bancado pelo Irã, já matou segundo os palestinos 41.727 pessoas. Os libaneses apoiam os palestinos com ataques fronteiriços, mas até aqui evitaram ações maiores para não disparar uma guerra destrutiva no Líbano.
Isso está em xeque agora, embora haja dúvidas se Israel está dobrando a aposta militar para pressionar o Hezbollah a recuar para a fronteira estabelecida pela ONU, acima do rio Litani, deixando uma área tampão no sul do Líbano sem armamentos capazes de atingir a fronteira.
Nesta quinta, o chefe do Hezbollah, xeque Hassan Nasrallah, irá fazer um discurso em Beirute sobre a crise. Além da esperada promessa de vingança contra Israel, ele terá de responder ao questionamento das ruas: como o Hezbollah ficou tão vulnerável?
Ao plantar explosivos em aparelhos rudimentares destinados a dificultar a localização de seus militantes pela inteligência israelense, que triangulava ligações entre celulares, o serviço secreto de Tel Aviv expôs uma falha brutal nos controles do rival.
A própria ideia de um ataque maciço como represália fica prejudicada, não só moralmente: as comunicações do Hezbollah estão desarranjadas com o ataque.
Segundo relatos da mídia libanesa e de agências de notícia estrangeiras no país, o clima é de medo e desconfiança. A Reuters citou moradores de Beirute que jogaram fora seus celulares, com medo de algum tipo de ação israelense.
O ataque com os pagers ocorreu na terça (17), deixando 12 mortos. Outras 25 pessoas morreram no dia seguinte, o mais mortífero até aqui na atual rodada de hostilidades entre Israel e o Hezbollah.
O governo libanês, que não tem poder sobre o grupo, segue encurralado na crise. O premiê Najib Mikati pediu que a reunião de sexta (20) sobre os ataques no Conselho de Segurança da ONU tome medidas para acabar com a “guerra tecnológica” contra o país.
Israel não admitiu oficialmente as ações, embora ninguém duvide de sua autoria. Na terça, Netanyahu voltou a prometer que o retorno dos 80 mil moradores deslocados do norte do país devido à crise é uma prioridade militar.
Também nesta quinta, as forças de Israel mataram três palestinos num entrechoque na Cisjordânia. Além disso, o governo anunciou que prendeu um israelense no mês passado que teria sido cooptado pelo Irã para tentar matar o primeiro-ministro, o ministro da Defesa e o chefe do Shin Bet, o serviço de segurança interna do país.