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Hezbollah: Entenda as explosões de pagers e walkie-talkies – 18/09/2024 – Mundo

Explosões em série de equipamentos usados pelo Hezbollah para comunicação no Líbano e na Síria provocaram mortes e levantaram teorias sobre a capacidade militar de Israel, apontado pelo grupo fundamentalista xiita como o autor das ações de sabotagem.

Também chamaram a atenção devido aos dispositivos usados pelo grupo: na terça-feira (17) ocorreram explosões quase simultâneas de pagers, equipamentos que proliferaram nos anos 1980 e 1990 e que depois caíram em desuso.

Novas detonações foram registradas nesta quarta-feira (18) em diversas cidades libanesas. Segundo a mídia local, os alvos mais recentes parecem ser walkie-talkies usados pelo Hezbollah.

Leia perguntas e respostas sobre as explosões e o conflito entre Israel e o Hezbollah.

São dispositivos eletrônicos portáteis e sem fio que funcionam como receptores de mensagens curtas de texto, enviadas por centrais telefônicas. Esses objetos emitem alertas sonoros ou vibram para informar sobre um novo recado, que fica disponível no visor.

Os equipamentos se proliferaram nos anos 1980 e 1990. Caíram em desuso com a ascensão dos telefones celulares e do SMS e, depois, pelos aplicativos de mensagem instantânea dos smartphones.

Por que o Hezbollah estava usando pagers em vez de smartphones?

Desde que houve a escalada nos atritos entre o Hezbollah e Israel após o início da guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, há quase um ano, os smartphones se tornaram uma espécie de arma para Tel Aviv.

Como os celulares eram usados para transmitir ordens da chefia do grupo xiita relacionadas a disparos de mísseis na fronteira com Israel, os equipamentos eram monitorados pelos militares rivais. Numa ligação, era possível triangular a posição de um lançador de míssil ou de um morteiro no sul do Líbano, que era atacado por drones ou artilharia antes que fossem disparados.

Ato contínuo, o Hezbollah adotou os primitivos pagers, que não são rastreáveis dessa forma por não empregar sinais de satélite.

Como os dispositivos foram detonados?

Não é possível saber o que realmente aconteceu, e Israel não se manifestou sobre o assunto. Autoridades dos Estados Unidos, porém, responsabilizam as forças de Tel Aviv, segundo o jornal The New York Times.

As autoridades, sob a condição de anonimato, ainda disseram que Israel plantou explosivos dentro dos aparelhos antes mesmo que chegassem ao Líbano e começassem a ser usados pelo Hezbollah.

O grupo armado comprou e mandou importar mais de 3.000 pagers de uma empresa de Taiwan. Ainda segundo as autoridades ouvidas pelo New York Times, Israel implantou cerca de 50 gramas de material explosivo nos aparelhos, além de um dispositivo que permitia a ativação remota das bombas.

Não está claro como os walkie-talkies explodiram.

Qual foi a resposta do Hezbollah após as explosões?

O Hezbollah determinou uma investigação sobre o que chamou de “maior falha de segurança” desde o começo da guerra entre Israel e o Hamas, que aumentou a tensão em todo o Oriente Médio. Também prometeu vingança ao que chamou de “agressão criminosa que também teve como alvo civis”.

Quantas pessoas ficaram feridas e quantas foram hospitalizadas em estado grave?

Pelo menos nove pessoas morreram e quase 3.000 ficaram feridas, com aproximadamente 200 hospitalizadas em estado grave, na terça, após as detonações dos pagers. As explosões desta quarta provocaram ao menos três pessoas morreram, e os relatos iniciais sugeriam que havia dezenas de feridos. Os números, porém, podem aumentar.

O que é o Hezbollah?

O grupo armado fundamentalista e partido político (Hezbollah significa “Partido de Deus”) é uma força baseada no Líbano, onde atua como um dos grupos dominantes no Parlamento local.

A principal fonte de recursos do Hezbollah é o Irã, potência regional governada por aiatolás também xiitas que fornece armas e treinamento ao grupo libanês desde sua fundação na década de 1980. Além disso, a facção fundamentalista, definida como terrorista por Estados Unidos, Arábia Saudita e Israel, recolhe parte de seu financiamento de uma extensa rede de serviços que o Estado libanês, afundado em paralisia política e em uma crise financeira profunda há ao menos cinco anos, não consegue oferecer.

Como as tensões entre Israel e o Hezbollah aumentaram?

Quando a guerra entre Israel e o Hamas começou na Faixa de Gaza, o Hezbollah passou a escalar seus ataques usuais na fronteira, atraindo recursos militares israelenses como forma de apoiar o grupo palestino. Mas não entrou no conflito de cabeça, até porque mesmo seus patronos no Irã são reticentes acerca de uma guerra ampla.

O grupo libanês é bem mais poderoso militarmente do que o Hamas e comanda um arsenal estimado em 150 mil a 200 mil mísseis e drones. Ao longo deste ano de guerra, houve vários momentos em que o caldo quase desandou.

ANa terça (17), antes das explosões dos pagers, o premiê Binyamin Netanyahu incluiu a volta dos moradores que foram retirados de sua casa devido a ataques do Hezbollah no norte de Israel como uma nova prioridade na guerra que o Estado judeu trava contra o Hamas há quase um ano.

Fonte: Folha de São Paulo

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