Três bombeiros morreram nesta terça-feira (17) enfrentando os incêndios florestais de grandes proporções que atingem as regiões Norte e Centro de Portugal há quatro dias, e o governo em Lisboa decretou estado de emergência em todos os 25 municípios afetados pelo fogo.
Com isso, sobem para sete o número de mortos até aqui —um deles foi um brasileiro de 28 anos que tentava recuperar ferramentas da empresa onde trabalhava em Albergaria-a-Velha, de acordo com a imprensa local. Segundo o UOL, se trata do pernambucano Carlos Eduardo, que morava no país há cinco anos.
Portugal mobilizou mais de 5 mil bombeiros e pediu ajuda da União Europeia para combater a crise —até aqui, a Espanha, a Itália e a Grécia enviaram ao todo seis aviões equipados para apagar incêndios florestais. O país enfrentava mais de 60 focos de incêndio na tarde desta terça, segundo um comunicado oficial.
O governo do primeiro-ministro Luis Montenegro fechou rodovias e suspendeu viagens de trem em algumas linhas no norte do país. O premiê prometeu uma reação dura contra acusados de provocar incêndios criminosos —o fogo é um método tradicional utilizado na agricultura do país.
“Não podemos perdoar atitudes criminosas”, disse Montenegro, de acordo com o jornal Público. “Iremos atrás dos responsáveis, que, em nome de interesses particulares, colocam em risco a própria vida dos cidadãos. Faremos de tudo para levá-los à Justiça.”
Segundo a polícia portuguesa, sete suspeitos de atearam fogo em florestas foram presos até aqui. Os homens têm entre 75 e 36 anos, e foram detidos nas regiões de Leiria, Castelo Branco, Porto e Braga.
O comandante da Defesa Civil portuguesa, André Fernandes, disse à imprensa que os três bombeiros morreram combatendo um incêndio na cidade de Nelas, a cerca de 300 quilômetros de Lisboa. Fernandes falou com jornalistas em Oliveira de Azemeis, no distrito de Aveiro, onde o fogo destruiu dezenas de casas, matou quatro pessoas e atingiu mais de 10 mil hectares de floresta.
De acordo com especialistas, as condições que facilitam o alastramento de incêndios em Portugal, como o tempo quente e seco nessa época do ano, são exacerbadas pelo aquecimento global e a mudança climática. O país vive temperaturas de mais de 30 graus nos últimos dias.
“Tivemos muito medo, e ninguém veio nos socorrer”, disse a aposentada de Albergaria-a-Velha Maria Ribeiro, 82, à agência de notícias AFP. “Queimaram todas as minhas terras, tive a sorte que a minha casa não foi atingida”, afirmou, em lágrimas.