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Preços de casas novas na China caem – 17/09/2024 – Mundo

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Os preços de imóveis novos na China caíram mais uma vez em agosto. Este foi o ritmo mais rápido registrado em mais de nove anos, com uma queda de 5,3% em relação ao ano anterior, segundo dados oficiais divulgados nesse sábado (14).

A desaceleração ocorre apesar das medidas de apoio implementadas —como créditos para jovens em busca do primeiro imóvel e a reconfiguração de projetos inacabados em moradias populares—, que não conseguiram impulsionar uma recuperação significativa no setor imobiliário.

  • A queda foi mais acentuada em cidades do sul, como Guangzhou e Shenzhen, onde os preços de casas novas caíram 4,6% e 4,8%, respectivamente.

Em maio, o governo pediu que mais de 200 cidades comprassem casas não vendidas para aliviar o excesso de oferta, mas apenas 29 atenderam ao pedido. Isso porque, ainda endividadas devido às estratégias custosas de combate pandêmico entre 2020 e 2023, autoridades locais seguem preocupadas com os custos.

Além disso, comprar projetos imobiliários agora não faz tanto sentido —fontes ouvidas pela Bloomberg estimam que a tendência é que os preços de apartamentos caiam mais de 30% nas grandes cidades antes de estabilizarem.

E o problema está longe de acabar: fatores como baixa confiança dos compradores, inflação fraca e dificuldades de financiamento para imóveis acabados podem levar a uma queda estimada de 8,5% nos preços em 2024 e 3,9% em 2025, segundo a Reuters.

Por que importa: de maneira semelhante a muita gente no Brasil, o investimento imobiliário foi por anos na China uma das principais formas de preservar patrimônio em ativos até então considerados seguros.

Por isso, a crise ameaça não apenas os setores de construção civil e imobiliário, mas também pode causar um efeito cascata. Com os imóveis valendo menos, as pessoas podem se sentir menos inclinadas a consumir, acelerando o problema de deflação observado no país.


Para para ver

“Map of Mythology”, painel produzido por Qiu Zhijie, um dos principais artistas em atividade na China. Natural da província de Fujian, ele costuma mesclar caligrafia, fotos e ilustrações para compor suas peças. Leia mais sobre ele aqui.


O que também importa

Um pastor americano de 68 anos foi libertado após passar mais de 18 anos preso na China, segundo o Departamento de Estado dos EUA. David Lin chegou à China em 2006 e tentou estabelecer um centro de treinamento cristão por lá. Porém, foi detido em 2009 e inicialmente condenado à prisão perpétua por acusações de fraude contratual. Ele sempre negou o crime. Desde então, a sentença de Lin foi reduzida várias vezes e ele sairia da prisão em 2029. A libertação ocorreu pouco antes de uma audiência no Congresso dos EUA sobre outros americanos detidos na China, como Kai Li e Mark Swidan, acusados de espionagem e tráfico de drogas, respectivamente.

A Casa Branca anunciou que vai regulamentar novas regras que visam taxar remessas de baixo valor da China. A medida busca acabar com o uso excessivo da regra “de minimis”, que concede isenção de impostos de importação a pacotes com valores abaixo de US$ 800 (cerca de R$ 4400). Oficiais governamentais americanos dizem que empresas como Shein e Temu usaram o benefício para competir deslealmente com players locais através de preços artificialmente mais baixos. As novas normas serão implementadas a partir de janeiro e devem remover a isenção a produtos chineses que já enfrentam tarifas nos EUA, como calçados e têxteis. A Shein e a Temu disseram à imprensa que estão avaliando as mudanças.

Um jovem de 27 anos se declarou culpado de sedição em Hong Kong por usar uma camiseta com um slogan de protesto, tornando-se a primeira pessoa condenada sob a nova lei de segurança nacional. Chu Kai-pong foi preso em 12 de junho usando uma camiseta com a frase “Liberte Hong Kong, revolução de nossos tempos” e uma máscara com “cinco demandas, nenhuma a menos”, ambas associadas aos protestos pró-democracia de 2019. Ao ser levado à cadeia, Chu disse a autoridades policiais que usou deliberadamente a camisa pois queria que Hong Kong retornasse ao domínio colonial britânico e esperava que outros ecoassem sua crença. A pena ainda deve ser anunciada, mas as novas regras implementadas pelo Artigo 23 da Lei Básica em março preveem sentenças de até sete anos de prisão, podendo chegar a 10 anos em casos de “conluio com forças estrangeiras”.

Fique de olho

Um grupo de autoridades governamentais dos EUA viaja a Pequim nesta semana para reuniões com homólogos chineses.

Liderada por Jay Shambaugh, subsecretário de Assuntos Internacionais do Departamento de Tesouro dos EUA, a delegação quer discutir “desequilíbrios macroeconômicos e políticas industriais que correm o risco de causar danos significativos aos trabalhadores e empresas nos EUA e em todo o mundo,” informou o The Wall Street Journal nesta terça (17).

A viagem faz parte de um grupo de trabalho econômico criado no ano passado para melhorar a comunicação entre os dois países. Além de funcionários do Tesouro, membros do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) também estarão na comitiva.

Por que importa: os Estados Unidos seguem preocupados com os riscos da sobrecapacidade industrial chinesa e os impactos dela para o crescimento global.

É bastante provável que esse seja o principal tema das discussões entre os dois lados, embora a China insista em negar que está promovendo uma política estatal de exportação subsidiada para conter a desaceleração doméstica.


Para ir a fundo

O Conselho Empresarial Brasil-China lançou, em parceria com o Ipea e Confederação de Agricultura e Pecuária, um extenso estudo que analisa os impactos de um potencial TLC entre o Mercosul e a China. Leia aqui (gratuito, em português).

Participei na semana passada do The China Global South Podcast para falar sobre a entrada do Brasil na Iniciativa de Cinturão e Rota. Ao lado de Thiago Bessimo, co-fundador da Observa China, falei também sobre o novo momento nas relações sino-brasileiras sob a batuta de Lula. Ouça aqui (gratuito, em inglês).

Fonte: Folha de São Paulo

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